Apocalipse, Capítulo 14 Explicado (2ª parte)

   

Continuação de apocalipse 14
 

    Era vontade de Cristo que Sua igreja fosse unida. Orou para que Seus discípulos fossem um, como Ele e o Pai eram um, porque isto daria poder ao Seu Evangelho e levaria o mundo a crer nEle. Em vez disto, olhe-se para a confusão que existe no mundo protestante, para os muitos muros de separação que o dividem numa rede de sociedades, e para os muitos credos discordantes como as línguas dos que foram dispersos quando construíam a torre de Babel. Deus não é o autor disto. É o estado de coisas que a palavra “Babilônia” descreve com propriedade. Usa-se esta palavra com este mesmo fim, e não como termo de censura. Em vez de se encher de ressentimento quando se menciona este termo, o povo devia antes examinar a sua posição, para ver se em sua fé ou prática é culpado de ter algum relacionamento com a grande cidade da confusão. Em caso positivo, deve separar-se imediatamente dela.

    A verdadeira igreja é uma virgem casta (2 Coríntios 11:2). A igreja que se une em amizade com o mundo, é uma prostituta. É esta relação ilícita com os reis da Terra o que constitui a grande prostituta do Apocalipse. Assim, a igreja judaica, a princípio casada com o Senhor, (Jeremias 31:32), tornou-se prostituta (Ezequiel 16). Esta igreja, quando apostatou de Deus, foi chamada Sodoma (Isaías 1), exatamente como “a grande cidade” (Babilônia) é também chamada em Apocalipse 11. A união ilícita com o mundo, de que Babilônia é culpada, é uma prova positiva de que não se trata do poder civil. O fato de o povo de Deus estar no meio dela antes de ser destruída é uma prova de que ela professa ser um corpo religioso. Por esses motivos, é muito evidente que a Babilônia do Apocalipse é a professa igreja que se uniu com o mundo.
    “Caiu, caiu a grande Babilônia” — A queda de Babilônia agora vai ocupar a nossa atenção. Depois de ver o que constitui Babilônia, não será difícil decidir o que significa a declaração de que ela caiu. Como Babilônia não é uma cidade literal, sua queda não pode ser uma queda literal. Já vimos que absurdo isto seria. Além disso, a própria profecia estabelece a mais notável diferença entre a queda e a destruição de Babilônia. Babilônia “cai” antes de ser “lançada” com ímpeto no mar, como uma grande pedra de moinho, e ser completamente “queimada no fogo”. Portanto, a queda é espiritual, porque depois da queda é dirigida a voz ao povo de Deus que ainda está ligado a ela: “Sai dela, povo Meu”. O motivo é logo a seguir apresentado: “para que não sejas participante dos seus pecados e para que não incorras nas suas pragas.” Babilônia, portanto, continua existindo no pecado, e suas pragas são ainda futuras, depois de sua queda.
    Os que aplicam a expressão “Babilônia” exclusivamente ao papado, sustentam que a queda de Babilônia é a perda do poder civil pela igreja papal. Por causa da sua queda, Babilônia tornou-se morada de espíritos imundos e de aves aborrecíveis, mas este não é para Roma o resultado da perda do poder civil. 
    O povo de Deus é chamado a sair de Babilônia, por causa do aumento de pecaminosidade resultante da queda; mas a perda do poder temporal do papado não constitui uma razão adicional por que o povo de Deus deva deixar aquela igreja.
    Babilônia experimenta esta queda espiritual porque “a todas as nações deu a beber do vinho da ira [não ira, mas intensa paixão] da sua prostituição”. Há apenas uma causa a que isto pode referir-se — as falsas doutrinas. Ela corrompeu as verdades puras da Palavra de Deus e embriagou as nações com fábulas agradáveis. Sob a forma do papado sufocou o Evangelho e o substituiu por um falso sistema de salvação: 
    Pela doutrina da Imaculada Conceição nega que em Cristo Deus habitou em carne humana. 
    Procurou deixar de lado a mediação de Cristo e, em seu lugar, pôs outro sistema de intercessão. 
    Tentou tirar o sacerdócio de Jesus e substituí-lo por um sacerdócio terreno. 
    Fez a salvação depender da confissão a um homem mortal e assim separou o pecador de Jesus, o único meio pelo qual os seus pecados podem ser perdoados. 
    Rejeita a salvação pela fé como “heresia condenável”, e a substitui pela doutrina da salvação pelas obras. 
    Sua blasfêmia culminante é a doutrina da transubstanciação, o sacrifício idólatra da missa, dando-lhe o mesmo valor “que ao da cruz” e declara que, em alguns sentidos, “tem vantagens sobre o Calvário”, porque por ele “realiza-se a obra de nossa redenção”.
    Entre as doutrinas contrárias à Palavra de Deus, ensinadas por ela, podem mencionar-se as seguintes: 
    A substituição da Bíblia pela tradição e a voz da igreja como guia infalível. 
    mudança do sábado do quarto mandamento, o sétimo dia, para a celebração do domingo como dia de repouso do Senhor e memorial da Sua ressurreição, instituição que nunca foi ordenada por Deus, e que de maneira alguma pode comemorar apropriadamente esse acontecimento. Instituído pelo paganismo como “o selvagem dia solar e santo de todos os tempos pagãos”, o domingo foi levado à pia batismal pelo papa e cristianizado como instituição da igreja evangélica. Fez-se, assim, uma tentativa de destruir o monumento comemorativo que o grande Deus havia instituído para comemorar a Sua magnificente obra criadora, e se procurou erigir outro em seu lugar para comemorar a ressurreição de Cristo, sem motivo, visto que o próprio Senhor já havia dado um memorial com essa finalidade no batismo por imersão. 
    A doutrina da imortalidade natural da alma; esta também se derivou do mundo pagão, e foram os “pais da igreja” que introduziram essa perniciosa doutrina como parte da verdade divina. Esse erro anula duas grandes doutrinas bíblicas: a ressurreição e o juízo geral, e abre uma porta para o espiritismo moderno. Deste erro se originaram outras doutrinas perigosas, como o estado consciente dos mortos, o culto dos santos, a mariolatria, o purgatório, as recompensas dadas ao morrer, as orações e batismos pelos mortos, o tormento eterno e a salvação universal.
    A doutrina de que os santos, como espíritos desincorporados, encontram sua herança eterna em regiões longínquas e indefinidas, “para além dos limites do tempo e do espaço”. Ela desviou multidões do ensino bíblico de que esta Terra há de ser destruída pelo fogo no dia do juízo e da perdição dos homens ímpios, e que das suas cinzas a voz do Onipotente fará surgir uma nova Terra, que será o futuro reino eterno de glória, que os santos possuirão como sua herança eterna.
    O batismo por aspersão em vez de imersão, sendo que este é o único modo bíblico do batismo, e um memorial apropriado do sepultamento e ressurreição de nosso Senhor, para cujo fim foi designado. Ao corromper este rito e ao destruí-lo como memorial da ressurreição de Cristo, estava preparado o caminho para a sua substituição por alguma outra coisa, a saber o descanso dominical. 
    O ensino de que a vinda de Cristo é um acontecimento espiritual e não literal, que foi cumprido por ocasião da destruição de Jerusalém, ou se realiza na conversão, ou na morte, ou por meio do espiritismo. Milhões por tal ensino têm sido para sempre fechadas à doutrina bíblica de que a segunda vinda de Cristo é um acontecimento futuro, definido, literal, pessoal e visível, que resultará na destruição de todos os Seus inimigos, mas trará a vida eterna para todo o Seu povo!
    A doutrina de um milênio temporal, ou mil anos de paz, prosperidade e justiça sobre toda a Terra antes da segunda vinda de Cristo. Esta doutrina destina-se especialmente a fechar os ouvidos do povo contra as evidências da proximidade do segundo advento, e provavelmente adormecerá tantas almas num estado de segurança carnal, que as levará à sua final ruína, como jamais o fez nenhuma heresia criada pelo grande inimigo da verdade.
    Significado da queda de Babilônia — Para chegar agora mais particularmente à aplicação da profecia referente à queda de Babilônia, vejamos a atitude do mundo religioso em relação à possibilidade de tal mudança, quando chegou o tempo para a proclamação desta mensagem, em relação com a primeira mensagem, por volta de 1844. O paganismo era apenas apostasia e corrupção logo no início, e ainda o é. Não é possível uma queda espiritual em relação a ele. O catolicismo durante séculos tem estado em uma condição caída durante séculos. Mas as igrejas protestantes começaram a grande obra de reforma da corrupção papal, e realizaram um trabalho nobre. Estiveram, numa palavra, em tal posição que lhes era possível cair de um lugar elevado — sofrer uma queda espiritual. Portanto, é inevitável a conclusão de que a mensagem anunciando a queda se referia quase por completo às igrejas protestantes. 
    Pode perguntar-se por que motivo é que este anúncio não foi feito mais cedo, se tão grande parte de Babilônia tinha já caído há tempo. A resposta é esta: Babilônia, como um todo, não podia dizer-se caída enquanto uma divisão dela permanecesse de pé. Não podia anunciar-se até que a condição do mundo protestante piorasse, e este tivesse sacrificado a verdade, ou seja, a única senda do progresso. Quando isto aconteceu, e o protestantismo experimentou uma queda espiritual, então podia ser feito o anúncio acerca de Babilônia como um todo, como nunca o podia ter sido antes: “Caiu, caiu Babilônia.” 
    Talvez convenha examinar ainda como é que o motivo atribuído para a queda de Babilônia, a saber, por ter feito a todas as nações beber do vinho da ira da sua prostituição, se aplicaria às igrejas protestantes no tempo em questão. E a resposta é: seria a ela aplicado muito a propósito. A falha de Babilônia está na sua confusão da verdade e suas falsas doutrinas. Ela cai pelo fato de que as propaga incansavelmente e se apega a elas depois de lhe ser oferecida a luz e a verdade que as teria corrigido. No caso das igrejas protestantes, havia chegado um tempo de subir a um nível religioso mais elevado. Podiam aceitar a luz e a verdade que lhes eram oferecidas, e atingir a mais alta conquista, ou podiam rejeitá-las, e perder sua espiritualidade e o favor de Deus, ou, noutros termos, experimentar uma queda espiritual.
    A verdade que Deus achou conveniente empregar como um instrumento nesta obra foi a mensagem do primeiro anjo. A doutrina pregada era que a hora do juízo de Deus chegara, e isto tornava iminente o segundo advento de Cristo. Depois de ouvir por tempo suficiente para ver a bênção que acompanhava a doutrina e os bons resultados que produzia, as igrejas, como um todo, rejeitaram-na com desdém e escárnio. Foram, assim, provadas, revelando-se claramente o fato de que seus corações estavam com o mundo, e não com o Senhor, e que o preferiam assim. 
    Mas a mensagem teria curado os males que então existiam no mundo religioso. O profeta exclama, talvez referindo-se a este mesmo tempo: “Queríamos curar Babilônia, mas ela não sarou.” (Jeremias 51:9). Pergunta alguém: Como sabemos que teria sido este o efeito da recepção da mensagem? Respondemos: Porque este foi o efeito em todos os que a receberam. Saíram de diferentes denominações, e suas barreiras denominacionais foram destruídas; credos em conflito foram desfeitos em átomos; abandonaram a esperança antibíblica de um milênio temporal; corrigiram suas falsas opiniões sobre a segunda vinda; o orgulho e a conformidade com o mundo foram banidos; o que estava mal foi posto em ordem; os corações uniram-se na mais doce fraternidade; e o amor e a alegria reinaram soberanamente. Se a doutrina fez isto com os poucos que a receberam, o mesmo teria feito com todos, se a tivessem recebido. Mas a mensagem foi rejeitada.
    Por toda parte do país se levantou o clamor: “Caiu, caiu Babilônia”, e, em antecipação do movimento apresentado em Apocalipse 18:1-4, os que proclamavam a mensagem acrescentam: “Sai dela, povo Meu”. Como resultado, milhares de pessoas separaram-se das diversas denominações. 
    Notável mudança então sobreveio às igrejas acerca da sua condição espiritual. Quando uma pessoa recusa a luz, coloca-se necessariamente em trevas; quando rejeita a verdade, fortalece e fabrica os grilhões do erro para os seus próprios membros. Segue-se a queda de espiritualidade ou queda espiritual. Isto foi o que experimentaram as igrejas. Preferiram aderir aos velhos erros, e continuar pregando ainda as suas falsas doutrinas entre o povo. Portanto, a luz da verdade os abandonou. 
    Alguns deles sentiram e lamentaram a mudança. Os seguintes testemunhos de seus próprios autores descrevem a sua condição naquele tempo.
    Em 1844, o Christian Palladium falava nos seguintes lamentosos termos:

“Em todas as direções ouvimos o doloroso som, trazido por todas as brisas do céu, congelantes como as rajadas dos ventos dos icebergs do norte, apoderando-se como pesadelo do peito dos tímidos, e absorvendo as energias dos fracos, de que a mornidão, a divisão, a anarquia, e a desolação estão destruindo os confins de Sião.” [204]

    Também em 1844, o Religious Telescope empregava a seguinte linguagem:

“Nunca testemunhamos um declínio tão geral da religião como no presente. Na verdade, a igreja devia despertar e investigar a causa desta aflição, pois deve considerá-la como angústia todo aquele que ama Sião. Quando nos lembramos de quão poucos e raros são os casos de verdadeira conversão, e a impenitência e dureza dos pecadores são quase inigualáveis, involuntariamente dizemos: Esqueceu-Se Deus de ser gracioso? Ou fechou a porta da misericórdia?” [205]

    Por esse tempo eram feitas nos jornais religiosos convites de jejuns e períodos de oração para a volta do Espírito Santo. O próprio Sun, de Filadélfia, publicou o seguinte em novembro de 1844:

“Os abaixo assinados, ministros e membros de várias denominações de Filadélfia e arredores, crendo solenemente que os presentes ‘sinais dos tempos’, a saber, a penúria espiritual das nossas igrejas em geral e os extremos males que nos rodeiam, parecem exigir em alta voz a todos os cristãos a ter momentos especiais de oração, concordam por este meio, por divina permissão, unirem-se em uma semana de oração especial a Deus Todo-Poderoso para o derramamento do Seu Espírito Santo em nossa cidade, nosso país e no mundo.” [206]

    Charles G. Finney, evangelista bem conhecido, disse em fevereiro de 1844:

“Temos lembrado que, em geral, as igrejas protestantes do nosso país ou têm sido apáticas ou hostis a quase todas as reformas morais do nosso tempo. Há exceções parciais, embora não bastem para deixar de tornar geral o fato. Temos também outro fato que o confirma: a ausência quase geral de influência reavivadora nas igrejas. A apatia espiritual invadiu quase tudo, e é terrivelmente profunda. Assim o testifica a imprensa religiosa de todo o país. Em larga escala, os membros da igreja estão-se tornando devotos da moda, dando mãos aos ímpios em reuniões de prazer, na dança, nas festas, etc. Mas não precisamos falar mais sobre este pensamento. Basta o fato de que a evidência aumenta e se avoluma pesadamente sobre nós, mostrando que igrejas em geral estão lamentavelmente degenerando. Separaram-se de Deus, e Ele separou-Se delas.” [207]

    Em novembro de 1844, a revista Oberlin Evangelist observou em um artigo editorial: 

“Alguns de nossos jornais religiosos lamentam o fato de que os reavivamentos têm cessado completamente em nossas igrejas, como todos eles testemunham. Faz muito que não se conhecia uma época de pobreza tão generalizada. Existe um grande espírito de reavivamento político e de empenho em todas as operações comerciais, mas a decadência e a morte se instalam no seio da atividade cristã e do santo amor para com Deus e para com as almas. Conservam-se as formas exteriores da religião; continua a rotina dos deveres dominicais, mas em relação com os momentos de ‘refrigério pela presença do Senhor’, nos quais o temor pega o hipócrita, a convicção toma o pecador e os corações humildes se agarram às promessas e lutam poderosamente pela conversão de almas — esses momentos apenas são conhecidos à medida que são docemente lembrados, como dias que se foram e não voltam mais.” [208]

    As igrejas não sofreram só uma notável perda da espiritualidade em 1844, mas desde então a decadência tem continuado visivelmente. 
    A revista Congregationalist, de novembro de 1858, disse:

“O reavivamento da piedade de nossas igrejas não é de tal ordem que, de sua mera existência, se possam inferir confiadamente seus frutos legítimos e práticos. Devia, por exemplo, ter-se como certo que, depois de tal chuva de graça, os tesouros das nossas sociedades de beneficência encheriam, como sucede, depois de uma abundante chuva, que os rios se avolumam em seus leitos. Mas os administradores de nossas sociedades deploram o afrouxamento de simpatia e auxílio das igrejas.” [209]

Há outra ilustração mais triste da mesma verdade geral. O Watchman and Reflector afirmava recentemente que nunca houve entre os batistas uma lamentável separação de igreja tão espalhada como a que prevalece no presente [...]. Um simples relance para os semanários da nossa própria denominação provará que o mal não se limita apenas aos batistas.” [210]

    O principal jornal metodista, o Christian Advocate, de Nova York, publicou em 1883 um artigo do qual copiamos estas declarações:

“1. Disfarçai como quiserdes, a igreja, num sentido geral, encontra-se espiritualmente em rápido declínio. Enquanto cresce em número e dinheiro, torna-se extremamente fraca e limitada em sua espiritualidade, tanto nos ministros como nos membros. Está tomando a aparência e caráter da igreja de Laodiceia.

“2. Há milhares de ministros, nas congregações e nas conferências, e muitos milhares de leigos, tão mortos e inúteis como estéreis figueiras. Não contribuem com nada de natureza temporal ou espiritual para o progresso e triunfo do Evangelho através da Terra. Se todos estes ossos secos de nossa igreja e de suas congregações ressuscitassem e realizassem um serviço fiel e ativo, que novas e gloriosas manifestações de poder divino se presenciariam!”[211]

    O redator do Western Chronicle Advocate escreveu em 1893 acerca da igreja o seguinte:

“À igreja dos metodistas escrevo: A grande dificuldade conosco está no fato de que a salvação das almas em perigo recebe nossa última e final consideração. Muitas de nossas congregações agem como clubes sociais. Transformaram-se em centros de influência social. Procura-se tomar parte deles para progredir em nossa sociedade, nos negócios ou na política. Os pregadores convidados são aqueles que sabem ‘suavizar os textos para que elogiem suavemente os ouvidos e ocultem cuidadosamente a condenação.’

Os cultos dominicais servem como ocasiões para ostentar o luxo das últimas modas. Mesmo as crianças são enfeitadas como assistentes do orgulho. Se se leem os ‘Regulamentos’ é para cumprir a letra de uma lei cujo espírito há tempo desapareceu. Os registros estão cheios de nomes de pessoas não conversas. Podem encontrar-se membros oficiais nos palcos dos teatros e outros lugares onde são exibidas vestes luxuosas. Os que recebem a comunhão participam das corridas, dão bailes e partidas de naipes, e assistem a elas. A distinção entre os que estão dentro da igreja e os que estão fora é tão obscura que os homens sorriem quando solicitados a se unirem à igreja, e às vezes nos dizem que fora dela encontram os melhores homens. 

Quando nos dirigimos às massas, com muita frequência o fazemos de modo tão pomposo que o respeito próprio as afugenta de nós. 

E contudo, sob a inflação dos ricos e ímpios, temo-nos estendido tanto, que eles nos resultam necessários. A aplicação da letra rígida da disciplina em apenas um ano reduziria pela metade o total de nossos membros, poria em bancarrota nossa sociedade missionária, fecharia nossas igrejas luxuosas, paralisaria nossos interesses afins, tiraria os incentivos e angustiaria nossos pastores e bispos. Mas subsiste o fato de que deve ocorrer uma de duas coisas: ou a disciplina deve purificar a igreja, ou o Espírito Santo de Deus buscará outros meios organizados. O machado foi posto à raiz da árvore. Somos chamados ao arrependimento. A obra de Deus tem que ser feita. Se atrapalharmos o caminho, ele nos eliminará.” [212]

    O Independent, de Nova York, de 3 de dezembro de 1896, publicou um artigo de D. L. Moody, do qual extraímos o seguinte:

“Numa edição recente do seu jornal vi um artigo de um colaborador, em que se afirmava que havia mais de três mil igrejas nas corporações congregacionalistas e presbiterianas deste país que no ano passado não relataram a recepção de um único membro por profissão de fé. Poderá ser isto verdade? De tal maneira se apoderou de mim este pensamento, que não o posso expulsar de minha mente. Quase basta para fazer percorrer um calafrio de horror pela alma de cada cristão. 

Se isto sucede com estas duas grandes denominações, qual há de ser também a condição das outras? Iremos todos ainda sentar-nos e deixar que continue este estado de coisas? Hão de os nossos jornais e os nossos púlpitos conservar suas bocas fechadas, como ‘cães mudos que não podem ladrar’, sem advertir o povo do perigo que se aproxima? Não deveríamos todos levantar a nossa voz como uma trombeta sobre este assunto? Que há de pensar o Filho de Deus de semelhante resultado do nosso trabalho? Que há de um mundo incrédulo pensar de um cristianismo que não pode produzir mais qualquer fruto? E não temos nós nenhuma preocupação pelas multidões de almas que cada ano caem na perdição, enquanto nos sentamos todos e olhamos? E onde estará este nosso país nos próximos dez anos, se não despertarmos do sono?” [213]

    A condição de decadência espiritual em que caíram as igrejas como resultado de terem rejeitado a mensagem do primeiro anjo, levou-as a aceitar doutrinas errôneas e corrompidas. Durante a última parte do século XIX poderia ter ocorrido uma mudança notável na atitude dos dirigentes e dos membros das igrejas protestantes com respeito às doutrinas básicas das Escrituras da verdade. Tendo rejeitado o verdadeiro, aceitaram o falso. A teoria da evolução, aceita por muitos dirigentes das igrejas, estava, segundo as palavras de um grande escritor religioso, “expulsando o Criador”. Um defensor religioso da teoria declarou que “a oração é a comunicação com o meu eu racial íntimo”. 

    Os efeitos da teoria evolucionista sobre a fé das igrejas são tão aparentes que é muito comum ouvirem-se comentários públicos sobre a situação. Certo professor de filosofia de uma grande universidade observa:

“Hoje parece que a grande tradição moral hebraica cristã, que é a parte mais antiga de nossa herança, está-se desmoronando diante de nossos olhos [...]. A fé na ciência fortaleceu-se de tal maneira, e adquiriu tanta autossuficiência, arraigou-se tanto nos processos de nossa sociedade, que muitos dos que a fomentam perderam todo o desejo de combiná-la com qualquer outra [...]. O homem que confia numa ciência física para descrever o mundo não acha onde situar uma divindade [...]. As filosofias que hoje expressam seus interesses básicos [dos homens] não se preocupam já, como no século XIX, de justificar uma crença em Deus e na imortalidade. Essas ideias desapareceram simplesmente de qualquer tentativa séria para chegar a compreender o mundo [...]. O atual conflito da fé religiosa com a ciência já não se refere a uma explicação científica do mundo, senão a uma explicação científica da religião. O efeito realmente revolucionário da fé científica hoje, não é sua nova visão do universo, e sim sua nova visão da religião.” [214]

    Qual é essa nova visão da religião? Um porta-voz do liberalismo moderno explica-o francamente:

“Os protestantes liberais abandonaram a crença na infalibilidade verbal da Bíblia” [215]

“Cremos que Jesus foi um ser humano, não um ser sobrenatural diferente de todos os demais homens em sua qualidade. Cremos que nasceu da maneira normal, e que enfrentou os problemas e dificuldades da vida sem nenhum reforço secreto de poder miraculoso [...]. Para nós, a morte de Jesus não é, em essência, diferente da morte de outros heróis.” [216]

“Hoje a antiga crença de que Jesus voltará a aparecer no céu para inaugurar um dramático juízo do mundo, sentenciar a Satanás e os demônios ao inferno, e conduzir os anjos e os cristãos ao paraíso, foi reduzida à doutrina esotérica de uma minoria em vez de ser uma convicção universal de grande influência no mundo cristão. Visto que um cristão moderno aceita o que os historiadores lhe dizem quanto à idade do universo, e visto que aceita o que os homens de ciência lhe dizem acerca da natureza do processo evolucionista, não pode crer que se produzirá jamais um desenlace dos assuntos do mundo como o que os primeiros cristãos esperavam.” [217]

“Propomo-nos tomar do cristianismo antigo os elementos que parecem ter valor permanente, combiná-los com as convicções religiosas e as percepções éticas que surgiram nos tempos modernos, e com este material composto elaborar uma nova fórmula da mensagem cristã. Admitimos francamente que nosso evangelho não é o ‘velho evangelho’, nem sequer uma versão modificada do velho evangelho que está sendo anunciada agora nos púlpitos conservadores. É o nosso — confessamos — um ‘novo evangelho’.” [218]

    Se o protestantismo tivesse aceitado a mensagem do primeiro anjo, isso teria permitido à igreja ser uma luz a todas as nações. Mas ao rejeitar a mensagem, traiu sua missão e deixou as nações sem o testemunho da verdade presente que poderia ter recebido; e como resultado elas andam tateando nas trevas do erro e superstição resultantes das influências intoxicantes e entorpecentes do sistema de falsas doutrinas que tal igreja edificou e não quis abandonar. 
    Robert M. Hitchings, reitor da Universidade de Chicago, ao falar de nossa condição espiritual, disse:

“Não sabemos para onde vamos, nem por que, e quase renunciamos à tentativa de descobri-lo. Estamos desesperados porque as chaves que abririam as portas do céu nos introduziram a uma prisão maior, mas também mais opressiva. Pensávamos que aquelas chaves eram a ciência e a livre inteligência do homem. Fracassaram. Há muito que temos abandonado a Deus. A quem podemos apelar agora?” [219]

    Em seu número de 24 de maio de 1941, o Inquirer de Filadélfia tentou analisar assim nossas condições num editorial:

“Parece que chegamos a um desses momentos portentosos da história em que a civilização detém-se espantada na presença de forças por demais complexas e terríveis em sua potencialidade para serem avaliadas com exatidão. Confrontados com problemas que não se podem descartar mais que por crianças desatentas e insensatas de juízo leviano, chegamos à encruzilhada onde qualquer sinal indicador nos deixa perplexos. Durante anos ataques cada vez mais cruéis foram lançados contra a religião. Parecia que não precisávamos preocupar-nos se ‘as antigas crenças desfaleciam e caíam’. Pareceria que nesta civilização, como nas do passado quando se aproximava o seu fim inevitável, nós, e esse termo abrange toda a humanidade em geral, temos ficado muito seguros de nós mesmos [...]. 

Temos observado, e muitos de nós com pouco receio, o desenvolvimento de culto estranho e o surgimento de filosofias pagãs. Sem a menor perturbação, temos presenciado o nascimento do humanismo moderno, com sua negativa de um poder maior que o nosso próprio; sua exaltação do homem até torná-lo igual a seu Criador. Agora, quando a civilização pode estar morrendo de pé, a barreira de esferas de nossa autossuficiência está explodindo no espaço. Finalmente os seres humanos estão começando a descobrir que não são pequenos deuses, e sim tão-somente pequenos homens.” [220]

    Mas como essas igrejas se apartam cada vez mais de Deus, atingem por fim uma condição tal que os verdadeiros cristãos não podem por mais tempo manter contato com elas. Então serão chamados a sair. Esperamos isto no futuro, em cumprimento de Apocalipse 18:1-4. Cremos que virá quando, em acréscimo de suas corrupções, as igrejas começarem a levantar contra os santos o braço da opressão. (Ver os comentários sobre Apocalipse 18).

Versículos 9-12 — “E os seguiu o terceiro anjo, dizendo com grande voz: Se alguém adorar a besta e a sua imagem e receber o sinal na testa ou na mão, também o tal beberá do vinho da ira de Deus, que se deitou, não misturado, no cálice da sua ira, e será atormentado com fogo e enxofre diante dos santos anjos e diante do Cordeiro. E a fumaça do seu tormento sobe para todo o sempre; e não têm repouso, nem de dia nem de noite, os que adoram a besta e a sua imagem e aquele que receber o sinal do seu nome. Aqui está a paciência dos santos; aqui estão os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus.”

    A mensagem do terceiro anjo — Esta é uma mensagem do mais terrível teor. Não se encontra em toda a Bíblia mais rígida ameaça da ira divina. O pecado contra o qual ela adverte deve ser horrível e tão claramente definido que todos os que quiserem possam compreendê-lo e saibam, assim, como evitar os juízos denunciados contra ele.
    Deve notar-se que estas três mensagens são cumulativas, isto é, não cessa uma quando é apresentada a outra. De maneira que, durante certo tempo a primeira mensagem foi a única a ser apresentada. Veio depois a segunda, que não fez cessar a primeira. A partir de então houve duas mensagens. Foram seguidas pela terceira, não para as substituir, mas apenas para se unir a elas, de sorte que agora temos três mensagens que se anunciam simultaneamente, ou antes, uma tríplice mensagem, abarcando as verdades das três; porém, a última, sem dúvida, é a divulgação máxima. Até que a obra esteja concluída nunca deixará de ser verdade que veio a hora do juízo de Deus, nem que Babilônia caiu. Continua sendo necessário proclamar estes fatos em relação com as verdades apresentadas pela terceira mensagem.
    Deve notar-se também a ligação lógica que existe entre as próprias mensagens. Tomando nossa posição logo antes de ser introduzida a primeira mensagem, vemos o mundo religioso protestante em triste necessidade de reforma. Divisões e confusão reinavam entre as igrejas. Estavam ainda ligadas a muitos erros e superstições papais. O poder do Evangelho estava minimizado em suas mãos. Para corrigir esses males foi apresentada a doutrina da segunda vinda de Cristo, e proclamada com poder. Deviam tê-la recebido e teriam sido estimulados para uma nova vida. Em vez disso rejeitaram-na e sofreram espiritualmente as consequências. Seguiu-se então a segunda mensagem, anunciando o resultado daquela rejeição e declarando o que era não só um fato em si, como também um veredito judicial de Deus sobre as igrejas por sua rebelião a este respeito, a saber, que Deus os havia abandonado e eles tinham sofrido uma queda espiritual.
    Isto não teve o efeito de despertá-los e os levar a corrigir seus erros, como bastaria se tivessem querido ser admoestados e corrigidos. O que se segue? Está preparado o caminho para um movimento ainda mais retrógrado, para uma apostasia mais ampla e para males ainda maiores. Os poderes das trevas impulsionarão sua obra, e se as igrejas persistirem ainda em fugir da luz e rejeitar a verdade, em breve serão pegas adorando a besta e recebendo a sua marca. Tal será a consequência lógica da conduta que começou com a rejeição da primeira mensagem. Agora outra anunciação é enviada, declarando em tons solenes que, se alguém fizer isto, beberá do vinho da ira de Deus, que se deitou, não misturado, no cálice da Sua ira. Isto é o mesmo que dizer: Vocês rejeitaram a primeira mensagem e experimentaram uma queda espiritual. Se continuarem a rejeitar a verdade e a desprezar as advertências enviadas, esgotarão os últimos recursos da graça de Deus, e finalmente experimentarão uma destruição para a qual não haverá remédio. Esta é a ameaça mais severa que Deus podia fazer nesta vida, e é a última. Poucos lhe prestarão atenção e serão salvos, mas a multidão passará adiante e perecerá.
    A proclamação da mensagem do terceiro anjo é o último movimento religioso especial que deve ocorrer antes de o Senhor aparecer, porque imediatamente depois disso João viu um como o Filho do homem, vindo sobre uma grande nuvem branca para ceifar a seara da Terra. Isto não pode representar outra coisa senão a segunda vinda de Cristo. Portanto, se a vinda de Cristo está às portas, chegou o tempo para a divulgação desta mensagem. São muitos os que com a voz e a caneta ensinam fervorosamente que estamos nos últimos dias e que a vinda de Cristo está às portas, mas quando lhes lembramos esta profecia, ficam como perdidos no mar, sem âncora, mapa ou bússola. Não sabem o que fazer com ele. Eles podem ver tão bem como nós se o que ensinam acerca da vinda de Cristo é verdade, e o Senhor está às portas, por toda parte. Sim, por toda a Terra deviam ser ouvidas as notas de advertência desta terceira mensagem.
    Os argumentos sobre as duas mensagens anteriores fixam a época em que se deve dar a terceira, e mostram que pertence ao tempo atual. A melhor evidência de que a mensagem está sendo proclamada ao mundo, está nos fatos que demonstram seu cumprimento. Indicamos a primeira mensagem como declaração principal do grande movimento adventista de 1840-44. Vimos o cumprimento da segunda mensagem em relação com aquele movimento no último ano mencionado. Vejamos o que ocorreu desde aquele tempo.
    Quando Cristo não veio em 1844, todo o corpo de adventistas caiu em maior ou menor confusão. Muitos abandonaram completamente o movimento. Outros chegaram à conclusão de que o argumento sobre o tempo estava errado e imediatamente procuraram reajustar os períodos proféticos e fixar uma nova data para a vinda do Senhor, obra em que têm continuado mais ou menos até o tempo presente, fixando nova data à medida que cada uma passa [221]. Poucos buscaram atenta e sinceramente a causa do erro, e foram confirmados em suas opiniões de que o movimento adventista fora providencial, e que tinha sido correto o argumento sobre o tempo; mas viram que tinha sido cometido um erro sobre o assunto do santuário e que esse erro explicava o desapontamento.
    Viram que o santuário de Daniel 8:14 não era esta Terra, como se tinha suposto, que a purificação não devia ser pelo fogo, e que a profecia neste particular não implicava a vinda do Senhor. Encontraram nas Escrituras evidência muito clara de que o santuário referido era o templo celestial, que Paulo chama “santuário”, “o verdadeiro tabernáculo, o qual o Senhor fundou e não o homem”. Viram também que a sua purificação, segundo a figura, ia consistir no ministério final do sacerdote no segundo compartimento, ou no lugar santíssimo. Compreenderam então que tinha chegado o tempo para o cumprimento de Apocalipse 11:19: “Abriu-se, então, o santuário de Deus, que se acha no céu, e foi vista a arca da Aliança no seu santuário.”
    Com a atenção voltada para a arca, foram naturalmente levados a um exame da Lei contida na arca. Que a arca continha a Lei era evidente pelo próprio nome que lhe era aplicado. Era chamada “a arca da Aliança”, mas não teria sido a arca da “Aliança”, e não podia ter sido assim chamada, se não encerrasse a Lei. Ali estava, pois, a arca no Céu, o grande modelo da arca que, durante o tempo das representações e figuras, existiu aqui na Terra. A Lei que esta arca celeste continha deve, por conseguinte, ser o grande original de que a Lei escrita em tábuas na arca terrestre era apenas uma cópia. Ambas as leis devem ser precisamente iguais, palavra por palavra, til por til. Supor de outro modo representaria seria imaginar mentira. Essa Lei continua sendo, pois, a Lei do governo de Deus, e o seu quarto preceito, hoje como no princípio, requer a observância do sétimo dia da semana como o sábado. Ninguém que admita o argumento sobre o santuário pretende questionar este ponto.
    Assim foi trazida à luz a reforma do sábado, e viu-se que, tudo o que foi feito em oposição a esta Lei, especialmente na introdução de um dia de repouso e culto que destruía o sábado de Jeová, devia ser obra da besta papal, do poder que se oporia a Deus e tentaria mudar Suas leis ao exaltar-se acima de Deus. Mas esta é precisamente a obra sobre a qual o terceiro anjo pronuncia a sua advertência. Por isso os crentes de 1844 começaram a ver que a época da mensagem do terceiro anjo está sincronizada com o tempo da purificação do santuário, que começou ao terminar os 2.300 dias, em 1844, e que a proclamação é baseada nas grandes verdades desenvolvidas por este assunto.
    Assim, a luz da mensagem do terceiro anjo raiou sobre a igreja. Seus membros viram imediatamente que o mundo tinha direito de exigir aos que professam proclamar essa mensagem, uma explicação de todos os símbolos que ela contém: a besta, a imagem, a adoração e a marca. Por isso esses pontos constituíram temas de estudo especial. Viram que o testemunho das Escrituras era claro e abundante, e não levou muito tempo a formular, baseados nas verdades reveladas, declarações e provas definidas que explicavam todos estes pontos.
    Uma mensagem de advertência — Apresentamos os argumentos que demonstram em que consiste a besta, a imagem e a marca ao comentarmos Apocalipse 13; e mostramos que a besta de dois chifres, que faz a imagem à besta e impõe a marca, são os Estados Unidos da América. Esta obra, e estes agentes, contra os quais a mensagem do terceiro anjo dá a sua advertência, constitui uma prova adicional de que esta mensagem deve ser proclamada agora, e mostra a grande harmonia existente em todas estas profecias. Não necessitamos repetir aqui os argumentos; bastará recapitular os pontos estabelecidos:
    1) A “besta” é o poder católico romano.
    2) A “marca” da besta” é a instituição que este poder apresenta como prova de sua autoridade de legislar sobre os assuntos da igreja e dominar as consciências dos homens para mantê-los no pecado. Consiste em fazer uma mudança na Lei de Deus, pela qual é tirada dela a assinatura real. O sábado, o sétimo dia da semana, o grande memorial da obra criadora de Jeová, e arrancado de seu lugar no Decálogo, e é posto em seu lugar um dia de repouso falsificado, o primeiro dia da semana.
    3) A “imagem da besta” é uma combinação eclesiástica que se assemelha à besta por estar revestida de poder para impor os seus decretos com as penas e castigos da lei civil.
    4) A “besta de dois chifres”, que dá à imagem o poder de falar e agir, representa os Estados Unidos da América, que avançam para a formação da imagem da besta. 
    A besta de duas pontas impõe a marca da besta, isto é, estabelece por lei a observância do primeiro dia da semana, ou o domingo, como dia de repouso. Já mostramos o que se tem feito neste sentido. Muitas pessoas e grupos organizados estão entrelaçando os melhores fins com uma agitação em favor das leis religiosas.
    Mas o povo não é deixado em trevas sobre este assunto. A mensagem do terceiro anjo levanta um protesto solene contra todo este mal. Desmascara a obra da besta, revela a natureza da sua oposição à Lei de Deus, adverte o povo contra a submissão às suas demandas, e indica a todos o caminho da verdade. Isto naturalmente desperta oposição, e a igreja é levada tanto mais a procurar o auxílio da autoridade humana em favor dos seus dogmas quanto mais carece da autoridade divina.
    O que tem feito esta mensagem, e que progresso fez no mundo até agora? Como resposta a estas perguntas, apresentamos alguns fatos surpreendentes. A primeira publicação que foi feita a respeito, veio à luz em 1849. Hoje esta mensagem é proclamada em livros, folhetos e jornais publicados em 200 línguas diferentes, e mantém 83 casas publicadoras que, espalhadas em ambos hemisférios, publicam 313 jornais. O valor das publicações que fizeram circular em 1942 alcançou $ 5.467.664,99. A obra de evangelização é feita em 413 países e em mais de 810 línguas. (trecho retirado na versão Vida Plena)
    Tal movimento é pelo menos um fenômeno que exige explicação. Temos encontrado movimentos que cumprem de um modo admirável e exato as mensagens do primeiro e do segundo anjo. Aqui está outro que chama a atenção do mundo em cumprimento da terceira mensagem. Afirma ser um cumprimento, e pede ao mundo que examine as credenciais em que baseia seu direito a tal afirmação. Examinemo-las:
    “Seguiu-os o terceiro anjo” — Assim que este movimento segue os dois anteriormente mencionados. Retoma e continua a proclamação das verdades proclamadas por eles, e lhes ajunta o que mais está envolvido na mensagem do terceiro anjo. 
    A terceira mensagem é caracterizada como uma advertência contra a besta. Assim, este movimento enfatiza entre os seus temas uma explicação deste símbolo, diz ao povo em que consiste, como também suas pretensões e obras blasfemas.
    A terceira mensagem adverte a todos contra a adoração da besta. Assim, este movimento explica como o poder da besta trouxe para o cristianismo certas instituições que se opõem aos preceitos do Altíssimo e mostra que, se nos sujeitarmos a elas, adoramos este poder. “Não sabeis vós”, diz Paulo, “que a quem vos apresentardes por servos para lhe obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis?” (Romanos 6:16).
    A terceira mensagem adverte a todos contra o receberem a marca da besta. Deste modo, este movimento dedica sua obra em grande escala a mostrar o que é a marca da besta e advertir o povo contra a sua recepção. É tanto mais solícito em fazer isto, quanto é certo que este poder anticristão tem trabalhado tão astutamente que a maioria é enganada, fazendo concessões inconscientes à sua autoridade. Está provado que a marca da besta é uma instituição adornada com o traje cristão e tem sido insidiosamente introduzida na igreja cristã de modo a anular a autoridade de Jeová e a entronizar a da besta. Despido de todos os disfarces, levanta simplesmente um falso dia de repouso no primeiro dia da semana, em vez do sábado do Senhor, que é o sétimo dia da semana. Mas é uma usurpação que o grande Deus não pode tolerar e da qual a igreja remanescente deve libertar-se antes de estar preparada para a vinda de Cristo. Daí a urgente advertência: Ninguém adore a besta ou receba a sua marca.
    A terceira mensagem tem algo a dizer contra a adoração da imagem da besta. Assim também o movimento fala deste assunto, dizendo o que será a imagem, ou pelo menos explica a profecia da besta de dois chifres. Revela onde se fará a imagem. A profecia se refere a esta geração e está evidentemente às vésperas de se cumprir. 
    Não há empresa religiosa, além dos adventistas do sétimo dia, que declare ser o cumprimento da mensagem do terceiro anjo. Não há outra que acentue como seus temas preeminentes os assuntos aos quais se dedica este livro. Que faremos com estas coisas? É este o cumprimento? Deve reconhecer-se que sim, a menos que se possa desmentir suas declarações, a menos que se possa demonstrar que não ouviram as mensagens do primeiro e do segundo anjo, que a interpretação sobre a besta, a imagem e a adoração não sejam corretas; e que podem descartar completamente todas as profecias, sinais e evidências que mostram a proximidade da vinda de Cristo, e por conseguinte, a necessidade de proclamar a mensagem. Será difícil a qualquer pessoa que estude a Bíblia com inteligência fazer isso. (trecho retirado na versão Vida Plena)
    O fruto da proclamação apresentado no versículo 12, ainda prova melhor a exatidão das interpretações oferecidas. Apresenta um grupo de que pode dizer-se: “Aqui estão os que guardam os mandamentos de Deus e a fé de Jesus.” Esta obra é feita no próprio coração da cristandade, e os que recebem a mensagem tornam-se peculiares pela sua prática em relação aos mandamentos de Deus. Que diferença há na prática, e que única diferença há entre os cristãos a este respeito? Justamente esta. Alguns pensam que o quarto mandamento é guardado pela consagração do primeiro dia da semana ao repouso e culto. Outros sustentam que o sétimo dia é que é o dia separado a tais deveres, e por isso passam as suas horas assim, retomando no primeiro dia o seu trabalho ordinário. Não podia traçar-se uma linha de demarcação mais clara entre as duas classes. O tempo que uma classe considera como sagrado e dedica a ocupações religiosas é considerado pela outra como unicamente secular e consagrado ao trabalho ordinário. Uma classe repousa devotamente enquanto outra dedicadamente trabalha. Uma classe, prosseguindo suas vocações mundanas, encontra a outra classe afastada de todas as suas atividades, e as comunicações do intercâmbio comercial abruptamente interrompidas. Durante dois dias na semana estas duas classes estão separadas por sua diferença de doutrina e prática em relação ao quarto mandamento. Nenhum outro mandamento poderia criar tão notável diferença.
    O sábado se destaca na mensagem — A mensagem do terceiro anjo leva os seus adeptos a observar o sétimo dia, porque só desta maneira se tornam diferentes, ao passo que a observância do primeiro dia não distinguiria uma pessoa das massas que já estavam observando esse dia quando a mensagem foi introduzida. Nisto temos uma evidência adicional de que a observância do domingo é a marca da besta, porque a mensagem que enfatiza principalmente a advertência contra a recepção da marca da besta, levará sem dúvida seus adeptos a abandonar a prática que constitui a marca e os fará a adotar a conduta oposta. Leva-os a abandonar a observância do primeiro dia da semana, e a adotar a do sétimo dia. Em vista disto, vê-se imediatamente que aqui há mais do que simples deduções de que a observância do domingo constitui a marca da besta contra o qual nos adverte, e que a observância do sétimo dia é o seu oposto, ou seja, o selo de Deus.
    Isto está em harmonia com o argumento sobre o selo de Deus, apresentado no capítulo 7. Mostrou-se ali que “sinal”, “selo” e “marca” são termos sinônimos, e que Deus considera o Seu Sábado como Seu sinal ou selo com referência ao Seu povo. Assim, Deus tem um selo ou sinal, que é o Seu Sábado. A besta tem uma marca, que é o dia de repouso falso. Um é o sétimo dia, o outro é o primeiro dia. A cristandade será por fim dividida somente em duas classes: (1) os que estarão selados com o selo do Deus vivo, isto é, que terão o Seu sinal e guardarão o Seu sábado; (2) os que receberão a marca da besta, isto é, que terão o seu sinal, ou guardarão o seu falso dia de repouso. Com referência a este assunto a mensagem do terceiro anjo nos esclarece e nos adverte.
    Pelo fato de o sétimo dia ter tanta importância como dia de repouso, será próprio apresentar aqui os principais fatos relacionados com a instituição do sábado.     
    O sábado foi instituído no princípio, ao terminar a primeira semana da criação (Gênesis 2:1-3). 
    Ele foi o sétimo dia daquela semana, e foi baseado em fatos imutáveis e inseparavelmente relacionados com o seu próprio nome e existência. Ao repousar Deus no sétimo dia, tornou-o o dia de repouso, ou o sábado (repouso) do Senhor; e nunca poderá deixar de ser o Seu dia de repouso, visto que esse fato nunca poderá ser mudado. Deus santificou então, ou pôs de parte esse dia, como nos afirma o relato, e essa santificação nunca pode cessar, a não ser que seja retirada por um ato da parte de Jeová tão direto e explícito como aquele pelo qual a colocou sobre o dia no princípio. Ninguém pode dizer que jamais isto se tenha feito, e se pretendesse, não o poderia provar.
    O sábado não possui em si uma natureza representativa ou cerimonial, porque foi instituído antes de o homem pecar, e por isso pertence a um tempo em que não podia existir um tipo, uma representação ou sombra figurada. 
    As leis e instituições que existiram antes da queda do homem eram primárias em sua natureza. Provinham da relação entre Deus e o homem, e dos homens entre si, e assim continuariam sempre se o homem nunca tivesse pecado. Em outras palavras, eram por sua própria natureza imutáveis e eternas. As leis cerimoniais e típicas deveram a sua origem ao fato de o homem ter pecado. De uma dispensação à outra eram sujeitas a mudança; e elas, e só elas, foram abolidas na cruz. A lei do sábado era uma lei primária e, portanto, imutável e eterna. 
    A santificação do sábado no Éden prova a sua existência da criação ao Sinai. Ali foi colocada no próprio seio do Decálogo tal como Deus o proferiu com Sua voz audível e o escreveu com Seus dedos em tábuas de pedra. Estas são circunstâncias que o separam para sempre das leis cerimoniais e o colocam entre as leis morais e eternas. 
    O sábado não é indefinido; não é qualquer sétimo dia depois de seis de trabalho. A Lei do Sinai (Êxodo 20:8-11) o indica de modo tão definido quanto a linguagem o permite. Os acontecimentos que lhe deram origem (Gênesis 2:1-3) limitam-no a um sétimo dia definido. Os 6.240 milagres relacionados com o sábado no deserto, na razão de três por semana durante quarenta anos, quando se proporcionava uma dupla porção de maná no sexto dia; a conservação do maná do sexto dia no sétimo dia; e nenhum no sétimo dia (Êxodo 16), mostram que é um dia particular e não um simples espaço de tempo. 
    O sábado é uma parte da Lei que nosso Senhor abertamente declarou não vir destruir. Por outro lado, solenemente afirmou que subsistiria sem omitir qualquer jota ou til até que a Terra passasse (Mateus 5:17-20). 
    É uma parte da Lei que Paulo declara não ser anulada, mas antes estabelecida pela fé em Cristo (Romanos 8:31). Pelo contrário, a lei cerimonial ou representativa, que apontava para Cristo e cessou na cruz, foi anulada e substituída pela fé nEle (Efésios 2:15). 
    É uma parte da Lei real, da Lei que pertence ao Rei Jeová, que Tiago declara ser a Lei de liberdade, e pela qual havemos de ser julgados no último dia. Deus não estabelece diferentes normas de juízo para as diferentes épocas do mundo (Tiago 2:11 e 12). 
    É o “dia do Senhor” de Apocalipse 1:10. (Ver os comentários sobre esse versículo). 
    Aparece como uma instituição em referência à qual é predita uma grande reforma nos últimos dias (Isaías 56:1 e 2, conferir com 1 Ped. 1:5). Esta reforma abrange também a mensagem que estamos considerando. E na nova Terra o sábado, fiel à sua origem e natureza, volta a aparecer, e derramará desde então suas bênçãos sobre o povo de Deus por toda a eternidade (Isaías 66:22 e 23). 
     Esta é uma breve sinopse de alguns dos argumentos pelos quais vemos que a lei do sábado não foi de modo algum ab-rogada e nem a instituição mudou. Não se pode dizer que uma pessoa guarda os mandamentos de Deus se não guardar o seu dia. Seguir tal instituição é uma alta honra; e prestar atenção às suas exigências trará consigo uma infinita bênção.
    O castigo dos adoradores da besta — Serão atormentados com fogo e enxofre na presença dos santos anjos e do Cordeiro. Quando será infligido este tormento? Apocalipse 19:20 mostra que na segunda vinda de Cristo há manifestação de juízos de fogo que podem ser chamados um lago de fogo e enxofre, no qual a besta e o falso profeta são lançados vivos. Isto só se pode referir à destruição que lhes sobrevirá no começo, e não no fim do milênio.
    Há em Isaías uma notável passagem a que somos obrigados a referir-nos ao explicar as fases da ameaça do terceiro anjo, e que inquestionavelmente descreve cenas que devem ocorrer na Terra por ocasião do segundo advento enquanto o planeta permanece desolado durante os mil anos que se seguem. É quase forçoso reconhecer que a linguagem do Apocalipse reproduz partes dessa profecia. Depois de descrever a ira do Senhor sobre as nações, a grande mortandade de seus exércitos, o afastamento dos céus como um rolo, o profeta diz: “Porque será o dia da vingança do Senhor, ano de retribuições pela luta de Sião. E os seus ribeiros se transformarão em pez, e o seu pó em enxofre. E a sua terra em pez ardente. Nem de noite nem de dia se apagará; para sempre a sua fumaça subirá; de geração em geração será assolada; de século em século ninguém passará por ela.” (Isaías 34:8-10). E desde que está expressamente revelado haver um lago de fogo em que todos os pecadores perecerão no fim dos mil anos, só podemos concluir que a destruição dos ímpios vivos no começo deste período e a ruína final de todos os iníquos no seu final são semelhantes.
    A expressão “para todo o sempre” da terceira mensagem (Apocalipse 14:11) não pode significar eternidade. Isto é evidente pelo fato de que esse castigo é infligido nesta Terra, onde o tempo é contado por dia e noite. Isto é ainda mostrado pela passagem de Isaías, já citada, que é, como sugerimos, de onde se extraiu a linguagem, e se aplica ao mesmo tempo. O que Isaías diz refere-se ao país da Idumeia. Mas quer signifique literalmente o país de Edom, ao sul e ao leste da Judeia, quer represente, como sem dúvida representa, toda esta Terra no tempo em que o Senhor Jesus Se revelará desde os céus em labareda de fogo, quando chegar o ano de retribuições pela luta de Sião. Em ambos os casos a cena terá eventualmente um fim. Esta Terra finalmente há de ser renovada, purificada de toda mancha do pecado, de todo vestígio de sofrimento e imperfeição e se tornará a habitação de justiça e alegria pelos séculos eternos.
    A palavra [aion] aqui traduzida “para sempre” é definida assim por G. Abbot-Smith, em seu pequeno dicionário grego do Novo Testamento: “Um espaço de tempo, como uma vida, uma geração, um período da história, um período indefinidamente longo”. De maneira que, sem fazer violência ao significado aceito pela palavra grega, podemos interpretá-la aqui em harmonia com outras declarações categóricas da Escritura. 
    O período da mensagem do terceiro anjo é um tempo de paciência para o povo de Deus. Paulo e Tiago dão-nos ambos instruções sobre este ponto (Hebreus 10:36; Tiago 5:7 e 8). Entretanto este grupo expectante guarda os mandamentos de Deus, o Decálogo, e conserva a fé de Jesus, isto é, todos os ensinos de Cristo e de Seus apóstolos contidos no Novo Testamento. O verdadeiro sábado, dado no Decálogo, ressalta assim em vívido contraste com o dia de repouso falsificado, a marca da besta, que finalmente distingue os que rejeitam a mensagem do terceiro anjo.

Versículos 13-16 — “E ouvi uma voz do céu, que me dizia: Escreve: Bem-aventurados os mortos que, desde agora, morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem dos seus trabalhos, e as suas obras os sigam. E olhei, e eis uma nuvem branca e, assentado sobre a nuvem, um semelhante ao Filho do Homem, que tinha sobre a cabeça uma coroa de ouro e, na mão, uma foice aguda. E outro anjo saiu do templo, clamando com grande voz ao que estava assentado sobre a nuvem: Lança a tua foice e sega! É já vinda a hora de segar, porque já a seara da terra está madura! E aquele que estava assentado sobre a nuvem meteu a sua foice à terra, e a terra foi segada.”

    Uma crise solene — Os acontecimentos vão se tornando solenes à medida que nos aproximamos do fim. É este fato que dá à mensagem do terceiro anjo, que agora está sendo proclamada, uma solenidade e importância. É a última advertência apresentada antes da vinda do Filho do homem, representado aqui sentado sobre uma nuvem branca, com uma coroa na cabeça e uma foice na mão, para segar a seara da Terra.
    Estamos nos aproximando rapidamente do final de uma cadeia profética que se encerra com a revelação do Senhor Jesus descendo do Céu em labareda de fogo, para Se vingar de Seus inimigos e recompensar os Seus santos. Não só isso, mas aproximamo-nos tanto de seu cumprimento que o próprio elo seguinte na cadeia é esse final e momentoso acontecimento. O tempo nunca retrocede. Como o rio não recua ao aproximar-se do precipício, mas arrasta todos os corpos flutuantes com irresistível força; e como as estações nunca mudam o seu curso, mas o verão segue o caminho da figueira florescente, e o inverno segue as folhas caídas, assim somos levados sempre para diante, queiramos ou não, estejamos ou não preparados, para a crise inevitável e irrevogável. Ah! Quão pouco pensa o orgulhoso cristão professo e o despreocupado pecador na ruína que está iminente! Quão difícil é para os que conhecem e professam a verdade compreendê-la!
    Uma bênção prometida — Uma voz do Céu mandou João escrever: “Bem-aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor”, e o Espírito responde: “Sim, para que descansem dos seus trabalhos, e as suas obras os sigam.” “Desde agora” deve significar desde um momento particular. Que momento? Evidentemente desde o começo da mensagem em relação à qual se diz isso. Mas, por que são bem-aventurados os que morrem desde esse momento? Deve haver algum motivo especial para sobre eles ser pronunciada esta bênção. Não será porque escapam ao tempo de terrível perigo que os santos têm de enfrentar ao terminarem a sua peregrinação? Embora sejam assim abençoados em comum com todos os justos mortos, têm uma vantagem sobre eles por constituírem, sem dúvida, aquele grupo que ressuscitará para a vida eterna na ressurreição especial de Daniel 12:2.
    Deve notar-se que nessa cadeia profética três anjos antecedem a chegada do Filho do homem na nuvem branca, e três são apresentados depois daquele símbolo. Já expressamos a opinião de que anjos literais participam nas cenas descritas. Os primeiros três têm o encargo das três mensagens especiais. Mas eles podem também simbolizar um corpo de ensinadores religiosos. A mensagem do versículo 15 deve evidentemente ser proclamada depois de o Filho do homem, terminada a Sua obra sacerdotal, tomar o lugar sobre a nuvem branca, mas antes de aparecer nas nuvens do céu. Como a linguagem é dirigida Àquele que está assentado sobre a nuvem branca, tendo em Sua mão uma foice aguda pronta para ceifar, deve significar uma mensagem de oração por parte da igreja, depois de concluída a sua obra em favor do mundo, que já acabou o tempo de graça, e só falta que o Senhor apareça e leve o Seu povo para Si. É este, sem dúvida, o clamor de dia e de noite, de que fala nosso Senhor em Lucas 18:7 e 8 em relação com a vinda do Filho do homem. E esta oração será respondida. Os eleitos serão vingados, pois diz a parábola: “Deus não fará justiça aos Seus escolhidos, que clamam a Ele de dia e de noite?” O que está assentado sobre a nuvem brandirá Sua foice, e os santos, sob a figura do trigo da terra, serão ceifados para o celeiro celeste.
    O trigo ceifado — Diz a profecia: “E aquele que estava sentado sobre a nuvem passou a sua foice sobre a terra, e a terra foi ceifada.” Estas palavras nos levam para além do segundo advento, para cenas que acompanham a destruição dos ímpios e a salvação dos justos. Para além dessas cenas temos, portanto, de olhar para a aplicação dos seguintes versículos:

Versículos 17-20 — “E saiu do templo, que está no céu, outro anjo, o qual também tinha uma foice aguda. E saiu do altar outro anjo, que tinha poder sobre o fogo, e clamou com grande voz ao que tinha a foice aguda, dizendo: Lança a tua foice aguda e vindima os cachos da vinha da terra, porque já as suas uvas estão maduras! E o anjo meteu a sua foice à terra, e vindimou as uvas da vinha da terra, e lançou-as no grande lagar da ira de Deus. E o lagar foi pisado fora da cidade, e saiu sangue do lagar até aos freios dos cavalos, pelo espaço de mil e seiscentos estádios.”

    O lagar da ira de Deus — Os dois últimos anjos relacionam-se com os ímpios, sendo que estes são muito adequadamente representados pelos cachos de cor púrpura da vinha da Terra. Não estaria aqui representada a ruína final daquela classe no fim do milênio, fazendo a profecia uma projeção final do destino dos justos e dos ímpios? Os justos revestidos de imortalidade e seguramente estabelecidos no reino, e os ímpios perecendo em volta da cidade, no tempo da sua descida à Terra? Dificilmente se poderá aplicar isto ao tempo do segundo advento, porque os acontecimentos aqui apresentados estão em ordem cronológica, e a destruição dos ímpios seria contemporânea à reunião dos justos. Além do mais, os ímpios vivos na época da vinda de Cristo bebem do “cálice” da Sua ira. Mas esta passagem nos apresenta o momento em que perecem no lagar de Sua ira, que se diz ser pisado “fora da cidade”, o que corresponde completamente à descrição de Apocalipse 20:9, onde se apresenta mais naturalmente a sua destruição completa e final.
    O anjo sai do templo, onde estão guardados os registros e onde está determinado o castigo. O outro anjo tem poder sobre o fogo. Isto pode ter alguma relação com o fato de que o fogo é o elemento que consumirá os ímpios, embora se diga, para continuar com a figura, que os ímpios, depois de comparados aos cachos da vinha da Terra, foram lançados no grande lagar, que é pisado fora da cidade. E sai sangue do lagar, até os freios dos cavalos. Sabemos que os ímpios hão de desaparecer, tragados por fim numa chama de fogo devorador, que descerá do Céu da parte de Deus, mas não sabemos que mortandade precedente deve ocorrer entre a hoste condenada. Não é improvável que esta linguagem se venha a cumprir literalmente. Como os primeiros quatro anjos desta série representam um movimento da parte do povo de Deus, os últimos dois podem representar o mesmo, pois os santos hão de tomar alguma parte em distribuir e executar o castigo final dos ímpios (1 Coríntios 6:2; Salmos 149:9).
    Os santos triunfantes — Esta profecia termina como outras, com o triunfo completo de Deus e de Cristo e de todos os remidos.

Referências bibliográficas
[204] “O Remédio”, na revista Christian Palladium, 15/5/1844, p. 409.
[205] Religious Telescope, 4/12/1844, p. 76.
[206] Philadelphia Sun, 11/11/1844.
[207] A fonte não foi mencionada.
[208] “Reavivamentos”, na revista Oberlin Evangelist, 20/11, 1844, p. 189.
[209] Fonte não mencionada.
[210] “Amplitude da Cultura Cristã”, na revista Congregationalist, 19/11/1858, p. 186.
[211] Christian Advocate, New York, 30/8/1883.
[212] Western Chronicle Advocate, 19/7/1893, p. 456.
[213] MOODY, Dwight. The Independent, New York, 3/12/1896, p. 1.
[214] RANDALL, John Herman. Revista Current History, junho, 1929, pp. 359-361.
[215] GILKEY, James Gordin. Faith to Affirm, p. 3.
[216] Ibidem, pp. 9,10.
[217] Ibidem, p. 24.
[218] Ibidem, p. 26.
[219] HUTCHINS, Robert M. citado em The Christian Century, 24/1/1934.
[220] Inquirer de Filadélfia, 24/5/1941, p. 10.
[221] Isto se refere à época em que este livro foi escrito, na última década dos anos 1800.

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