Versículos 1-3 — “E, depois destas coisas, vi quatro anjos que estavam sobre os quatro cantos da terra, retendo os quatro ventos da terra, para que nenhum vento soprasse sobre a terra, nem sobre o mar, nem contra árvore alguma. E vi outro anjo subir da banda do sol nascente, e que tinha o selo do Deus vivo; e clamou com grande voz aos quatro anjos, a quem fora dado o poder de danificar a terra e o mar, dizendo: Não danifiqueis a terra, nem o mar, nem as árvores, até que hajamos assinalado na testa os servos do nosso Deus.”
O tempo da realização da obra mencionada nesses versículos fica estabelecido de modo preciso. O capítulo sexto termina com os acontecimentos do sexto selo, e o sétimo selo não é mencionado senão no começo do capítulo oito. Todo o capítulo sete é introduzido como se estivesse entre parêntesis. Por que se introduz aqui este ponto? Evidentemente com o objetivo de apresentar detalhes adicionais acerca do sexto selo. A expressão “depois destas coisas” não significa depois do cumprimento de todos os acontecimentos anteriormente descritos, mas depois de o profeta ter sido levado em visão ao fim do sexto selo. Para não interromper a
sequência dos acontecimentos apresentados no capítulo seis, sua mente é levada para o que é mencionado no capítulo sete, onde há mais detalhes vinculados a esse selo. Perguntamos: Em meio a quais eventos daquele selo se realizará esta obra? Deve ocorrer antes de o céu se retirar como um livro que se enrola, porque depois disso já não há lugar para mais nada. E deve ocorrer logo a seguir aos sinais no Sol, na Lua e nas estrelas, porque esses sinais ocorreram e essa obra de selamento ainda não havia se cumprido ou sequer iniciado. Ocorre, portanto, entre os versículos 13 e 14 de Apocalipse, capítulo seis. Como já foi demonstrado, este é justamente o tempo em que nos encontramos. Por isso, a primeira parte de Apocalipse sete refere-se a uma obra cuja realização pode ser situada no tempo atual.
Quatro anjos — Os anjos são agentes que sempre intervêm nos assuntos da Terra. Por que não poderíamos admitir que se trata de quatro seres celestes, a cujas mãos Deus tenha confiado a obra de reter os ventos enquanto Ele não quer que soprem, e soltá-los quando chegar o momento de danificar a Terra?
Quatro cantos da Terra — Esta expressão significa os quatro pontos cardeais e indica que esses anjos, em sua esfera, têm a seu cargo toda a Terra.
Os quatro ventos — Ventos, na Bíblia, simbolizam agitações políticas, contendas e guerras (Daniel 7:2; Jeremias 25:32). Os quatro ventos, retidos por quatro anjos que estão nos quatro ângulos da Terra, devem representar todos os elementos de contenda e agitação que existem no mundo. Quando forem todos soltos e soprarem juntos, constituirão a grande tormenta anunciada na profecia de Jeremias.
O anjo que subia da banda do Sol nascente — Apresenta-se aqui outro anjo literal, com o encargo de outra obra específica. A expressão que nossa versão traduz literalmente: “do nascente do sol”, refere-se evidentemente mais ao modo do que ao local. Assim como o Sol vai subindo a princípio com raios inclinados e relativamente fracos, e vai aumentando de força até que brilham em todo o seu meridiano poder e esplendor, assim também a obra deste anjo começa em fraqueza, avança com influência sempre crescente e termina em força e poder.
O selo do Deus vivo — Este é o distintivo característico do anjo que sobe: traz consigo o selo do Deus vivo. Por este fato e pela cronologia da sua obra havemos de determinar, se possível, que movimento é simbolizado pela sua missão. A natureza da sua obra é evidentemente indicada pelo fato de ele ter o selo do Deus vivo. Para nos certificarmos de que obra se trata, temos de investigar em que consiste este selo do Deus vivo.
O selo é definido como um instrumento de selar [carimbar]; o que é “usado por indivíduos, corporações e estados, para fazer impressões em cera, sobre documentos escritos como uma evidência da sua autenticidade.” A palavra original neste texto é definida: “Um selo, isto é, um anel com sinete [carimbo], uma marca, estampa, sinal, penhor.” O verbo significa: “Garantir algo a alguém, certificá-lo; pôr um selo ou marca sobre alguma coisa em sinal de que é genuína ou aprovada; atestar, confirmar, estabelecer, distinguir por uma marca.” Tendo por base a definição, comparar Gênesis 17:11 com Romanos 4:11, e Apocalipse 7:3 com Ezequiel 9:4, e veremos que as palavras “sinal”, “selo” e “marca”, segundo são usadas na Bíblia, são termos sinônimos. O selo de Deus referido em nosso texto há de ser aplicado aos servos de Deus. Neste caso não se trata de alguma marca literal impressa na pele, mas de alguma instituição ou observância com referência especial a Deus, que servirá de “sinal de distinção” entre os adoradores de Deus e os que não são Seus servos, ainda que professem segui-lO.
O selo é usado para tornar válido ou autêntico qualquer decreto ou lei que uma pessoa ou poder promulgue. Nas Escrituras ocorrem frequentes exemplos do seu uso. Em 1 Reis 21:8 lemos que Jezabel “escreveu cartas em nome de Acabe, selou-as com o sinete dele.” Essas cartas ficaram, assim, com toda a autoridade do rei Acabe. Em Ester 3:12: “Em nome do rei Assuero se escreveu, e com o anel do rei se selou.” E no capítulo 8:8: “A escritura que se escreve em nome do rei, e se sela com o anel do rei, não é para revogar.”
O selo é usado em relação com alguma lei ou decreto que requer obediência, ou em documentos que terão valor legal ou que estarão sujeitos às disposições da lei. A ideia de lei é inseparável do selo.
Não devemos supor que nos decretos e leis de Deus, cuja obediência é obrigatória a todos homens, tenha de ser posto um selo literal, feito com instrumentos literais. Pela definição do termo e pelo objetivo do uso do selo, como já se demonstrou, temos de compreender como selo aquilo que, a rigor, dá validade e autenticidade a decretos e leis. No selo encontra-se o nome ou assinatura do poder legislador, expresso em termos que mostrem de que poder se trata, e seu direito para fazer leis e exigir obediência. Mesmo com um selo literal o nome deve sempre ser usado, segundo os textos já dados. Um exemplo do uso do nome se encontra em Daniel 6:8: “Agora, pois, ó rei, sanciona o interdito, e assina a escritura, para que não seja mudada, segundo a lei dos medos e dos persas, que se não pode revogar.” Em outras palavras, põe a assinatura da realeza, mostrando quem é que exige obediência e seu direito de exigi-la.
Na profecia de Isaías 8, lemos: “Liga o Testemunho, sela a Lei entre os Meus discípulos.” Deve referir-se a uma obra de reavivar nas mentes dos discípulos algumas das exigências da Lei que foram desprezadas, ou pervertidas do seu verdadeiro significado. Na profecia, isto se chama selar a Lei, ou restituir-lhe o selo, que havia sido tirado.
Os 144 mil que hão de ser selados com o selo de Deus na sua fronte, são de novo mencionados em Apocalipse 14:1, onde diz que têm o nome do Pai escrito em sua fronte.
Que é o selo de Deus? — Duas razões inevitavelmente se impõem do raciocínio e dos fatos e textos bíblicos citados:
1) O selo de Deus encontra-se na lei de Deus.
2) O selo de Deus é a parte de Sua Lei que contém o Seu nome, o título descritivo, mostrando quem é Ele, a extensão do Seu domínio e o Seu direito de governar.
Todas as principais denominações evangélicas admitem que a lei de Deus se encontra no Decálogo, ou Dez Mandamentos. Não temos, pois, mais a fazer do que examinar esses mandamentos para ver qual é o que constitui o selo da Lei, ou, em outras palavras, o que torna conhecido o verdadeiro Deus, o Poder legislador.
Os três primeiros mandamentos mencionam a palavra “Deus”, mas por eles não podemos dizer bem a quem se referem, pois há multidões de objetos a que é aplicado este nome. Há “muitos deuses e muitos senhores” (1 Coríntios 8:5). Sem considerar agora o quarto mandamento, o quinto contém as palavras “Senhor” e “Deus”, mas não as define. E os outros cinco preceitos não contêm o nome de Deus. Só com a parte da Lei que examinamos seria impossível convencer de pecado o idólatra. O adorador de imagens podia dizer: “Este ídolo que está diante de mim é o meu deus; o seu nome é Deus, e estes são os seus preceitos.” O adorador dos astros podia também dizer: “O Sol é o meu deus, e eu o adoro segundo esta Lei.” Assim, sem o quarto mandamento o Decálogo é nulo e sem valor no que diz respeito a definir a adoração do verdadeiro Deus.
Mas acrescentemos agora o quarto mandamento, devolvamos à Lei este preceito, que tantos consideram descartado, e vejamos qual é a situação. Examinemos este mandamento, que contém a declaração: “Porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar, e tudo o que neles há”, e vemos imediatamente que estamos em presença dAquele que criou todas as coisas. O Sol não é, pois, o Deus do Decálogo. O verdadeiro Deus é quem fez o Sol. Nenhum objeto do Céu ou da Terra é o Ser que aqui reclama obediência, porque o Deus desta Lei é o único que fez todas as coisas criadas. Temos agora uma arma contra a idolatria. Esta Lei não pode mais ser aplicada a falsos deuses, que “não fizeram os Céus e a Terra.” (Jeremias 10:11). O Autor desta Lei declarou quem é Ele, a extensão do Seu domínio, e o Seu direito a governar, porque todo ser criado deve reconhecer imediatamente que Aquele que é o Criador de tudo, tem direito de exigir obediência de todas as Suas criaturas. Assim, com o quarto mandamento no seu lugar, esse maravilhoso documento, o Decálogo, o único documento entre os homens escrito pelo dedo de Deus, tem uma assinatura, tem algo que o torna compreensível e autêntico; tem um selo. Mas sem o quarto mandamento a Lei é incompleta e carece de autoridade.
Nesta ordem de ideias é evidente que o quarto mandamento constitui o selo da Lei de Deus, ou o selo de Deus. As Escrituras acrescentam seu testemunho a esta conclusão.
Já vimos que, na Bíblia, os termos “sinal”, “selo” e “marca” são usados como sinônimos. O Senhor expressamente diz que o sábado é um sinal entre Ele e o Seu povo. “Certamente guardareis Meus sábados, porquanto isso é um sinal entre Mim e vós nas vossas gerações, para que saibais que Eu sou o Senhor que vos santifica.” (Êxodo 31:13). O mesmo fato é de novo afirmado em Ezequiel 20:12 e 20. Aqui o Senhor diz ao Seu povo que o objetivo de guardar o sábado era para que soubessem que Ele é o verdadeiro Deus. É como se o Senhor dissesse: “O sábado é um selo. Da Minha parte é o selo de Minha autoridade, o sinal de que tenho o direito de exigir obediência. Da parte de vocês é um sinal de que Me aceitaram como seu Deus.”
Se alguém disser que este princípio não se pode aplicar a cristãos hoje, como se o sábado fosse apenas um sinal entre Deus e os judeus, bastaria responder que os termos “judeus” e “Israel”, no verdadeiro sentido bíblico, não se restringem à descendência literal de Abraão. Esse patriarca foi escolhido, em princípio, porque era o amigo de Deus, ao passo que seus pais eram idólatras. Seus descendentes foram escolhidos como povo de Deus, como guardas da Sua lei e depositários da Sua verdade, porque todos os outros povos tinham apostatado. Essas palavras a respeito do sábado lhes foram dirigidas enquanto tinham a honra de estar assim separados de todos os demais povos. Mas quando a parede de separação que estava no meio foi derrubada, e os gentios foram chamados a participar das bênçãos de Abraão, todo o povo de Deus, tanto judeus como gentios, foi colocado numa nova e mais íntima relação com Deus por meio de Seu Filho, e eles são agora descritos por expressões como estas: “judeu é aquele que o é interiormente” e “um verdadeiro israelita” (Romanos 3:29; João 1:47). Essas declarações aplicam-se a todos os que cumprem as condições nelas apresentadas, porque têm a mesma oportunidade de conhecerem o Senhor como teve o Seu povo de antigamente.
Assim, o Senhor considera o quarto mandamento como um sinal entre Ele e Seu povo, ou o selo da Sua Lei para todos os tempos. Ao observar esse mandamento o crente demonstra que é adorador do Deus verdadeiro. Pelo mesmo mandamento, Deus Se dá a conhecer como nosso Governador legítimo, visto que é nosso Criador.
Em harmonia com essa ideia, deve notar-se o fato significativo de que os escritores sagrados diferenciam o verdadeiro Deus dos falsos deuses. Fazem um apelo aos grandes fatos da criação, sobre que está baseado o quarto mandamento. (Ver 2 Reis 19:15; 2 Crônicas 2:12; Neemias 9:6; Salmos 96:5; 115:4-7, 15; 121:2; 124:8; 134:3; 146:6; Isaías 37:16; 42:5; 44:24; 45:12; 51:13; Jó 9:8; Jeremias 10:10-12; 32:17; 51:15; Atos 4:24; 14:15; 17:23 e 24).
Note-se de novo o fato de que o mesmo grupo que em Apocalipse sete tem o selo do Deus vivo em sua fronte, é apresentado em Apocalipse 14:1 como tendo em sua fronte o nome do Pai. Temos aqui uma boa prova de que o “selo do Deus vivo” e o “nome do Pai” são usados como sinônimos. Completa-se a corrente de evidências quando verificamos que o Senhor fala do quarto mandamento, que já mostramos ser o selo da Lei, como algo que contém o Seu nome. Vemos a prova disto em Deuteronômio 16:6: “Senão no lugar que escolher o Senhor teu Deus, para fazer habitar o Seu nome, ali sacrificarás a páscoa.” Onde é que sacrificavam a páscoa? Ali estava o santuário, que tinha em seu lugar santíssimo a arca com os Dez Mandamentos, sendo que o quarto declarava o verdadeiro Deus, e continha o Seu nome. Onde quer que estivesse este quarto mandamento, aí estaria o nome de Deus, e este era o único objeto a que podia aplicar-se a linguagem. (Ver Deuteronômio 12:5, 11 e 21; 14:23 e 24).
O selamento — Convencidos agora de que o selo de Deus é o Seu santo Sábado, que tem o Seu nome, estamos preparados para continuar com a sua aplicação. As cenas apresentadas pelos versículos que consideramos, os quatro ventos prestes a soprar, trazendo a guerra e perturbação sobre a Terra, ficando esta obra paralisada até que os servos de Deus sejam selados — tudo isso nos lembra das casas dos israelitas assinaladas com o sangue do cordeiro pascal, e poupadas quando o anjo atravessou o país para matar os primogênitos do Egito (Êxodo 12). Também lembramos do sinal feito, pelo que trazia um tinteiro de escrivão (Ezequiel 9), sobre todos os que seriam poupados pelos homens com as armas destruidoras que os seguiam. Concluímos que o selo de Deus, colocado sobre os Seus servos é algum sinal distintivo, ou característica religiosa, que os livrará dos juízos de Deus a cair sobre os ímpios que os rodeiam.
Tendo encontrado o selo de Deus no quarto mandamento, segue-se a pergunta: A observância desse mandamento inclui alguma particularidade na prática religiosa? Sim, e bem impressionante. Um dos fatos mais singulares que se encontram da história religiosa é que, num século em que brilha tão intensamente a luz do Evangelho, em que a influência do cristianismo é tão poderosa e espalhada, uma das práticas mais peculiares que uma pessoa pode adotar, uma das cruzes mais pesadas que pode tomar, é a simples observância da lei de Deus. Este mandamento requer a observância do sétimo dia de cada semana como o sábado do Senhor, mas quase toda a cristandade, pelas influências do paganismo e do papado, foi iludida e observa o primeiro dia. Desde que alguém comece a observar o dia ordenado no mandamento, logo ficará destacado como peculiar. Distingue-se do professo mundo religioso, bem como do mundo ímpio.
Concluímos, pois, que o anjo que sobe da região do Sol nascente (oriente), com o selo do Deus vivo, é um mensageiro divino encarregado da obra de reforma que deve ser realizada entre os homens relativa à observância do sábado do quarto mandamento. Os agentes desta obra na Terra são, é claro, ministros de Cristo, porque aos homens é dada a missão de instruir os outros na verdade bíblica. Mas, como há ordem na execução de todos os conselhos divinos, é provável que um anjo literal tenha sido encarregado da direção dessa reforma.
Já notamos a cronologia do assinalamento, situando-o em nosso tempo. Isso fica ainda mais evidente pelo fato de visualizarmos os servos de Deus, logo após o assinalamento, situados diante do trono com palmas de vitória nas mãos. O selamento é, portanto, a última obra realizada em favor deles antes de serem libertados da destruição que será infligida ao mundo por ocasião do segundo advento.
Identidade do anjo do selamento — Em Apocalipse 14 encontramos outra vez a mesma obra apresentada sob o símbolo de um anjo voando no meio do céu com a mais terrível ameaça que jamais soou aos ouvidos dos homens. Mesmo que falemos disso mais detidamente quando chegarmos ao referido capítulo, fazemos questão de mencionar sua proclamação por ser a última obra realizada em favor do mundo antes da vinda de Cristo, que é o acontecimento subsequente naquela profecia, podendo sincronizá-la assim com a obra aqui apresentada em Apocalipse 7:1-3. O anjo com o selo do Deus vivo é, portanto, o mesmo que o terceiro anjo de Apocalipse 14.
Essa observação confirma a exposição anterior do selo. Como resultado da obra de selamento de Apocalipse sete, certo grupo é selado com o selo do Deus vivo, enquanto que como resultado da mensagem do terceiro anjo de Apocalipse quatorze, um grupo de pessoas obedece a todos os “mandamentos de Deus” (Apocalipse 14:12). O quarto mandamento do Decálogo é o único que o mundo cristão abertamente viola e ensina os homens a violar. Que esta é a questão vital que se trata nessa mensagem, torna-se evidente pelo fato de a guarda dos mandamentos, inclusive o sábado do Senhor, ser o que distingue os servos de Deus dos que adoram a besta e recebem sua marca. Como veremos depois, essa marca é a observância de um falso dia de repouso.
Depois de ter aqui notado brevemente os principais pontos do assunto, chegamos agora ao mais impressionante. De acordo com o precedente argumento cronológico, encontramos que esta obra já está se cumprindo diante de nossos olhos. A mensagem do terceiro anjo está avançando. O anjo que subia do nascimento do sol está realizando a sua missão. A reforma na questão do sábado já começou. Ainda que em relativo silêncio, está seguramente abrindo caminho na Terra. Está destinada a agitar todos os países que recebem a luz do Evangelho, e terá como resultado um povo preparado para a iminente vinda do Salvador e selado para o Seu reino eterno. O selamento dos servos de Deus pelo anjo mencionado no versículo três, é produzida em reconhecimento de sua fidelidade à observância da lei de Deus, que Se identifica no quarto mandamento como Criador do céu e da Terra, e como quem estabeleceu o sábado do sétimo dia como lembrança daquela grande obra.
A retenção dos ventos — Com mais uma pergunta, deixamos esses versículos, com os quais nos detivemos de modo tão demorado. Vimos entre as nações algum movimento a indicar que o clamor do anjo que subia: “Não danifiqueis” com o soprar dos ventos, “até que hajamos assinalado os servos do nosso Deus”? É óbvio que o tempo durante o qual os ventos são retidos não podia ser um tempo de profunda paz. Isso não corresponderia à profecia, pois para se tornar manifesto que os ventos estão sendo retidos, deve haver perturbação, agitação, ódio e inveja entre as nações, com estalidos ocasionais, como rajadas de vento escapando de uma tempestade. Esses estalidos serão reprimidos inesperadamente. Só assim, seria evidente ao que olhasse para os acontecimentos à luz da profecia, que para algum propósito a repressora mão da Onipotência foi posta sobre os elementos em fúria. Tal tem sido o aspecto de nossos tempos, quando súbita e inexplicavelmente tudo volta à calma. Na última metade do século XIX viram-se notáveis exemplos dessas coincidências na conclusão súbita da guerra franco-alemã em 1871, a guerra russo-turca em 1878, e a guerra hispano-americana em 1898.
Logo ocorreu durante a primeira parte do presente século a Primeira Guerra Mundial na qual se permitiu que os quatro ventos soprassem sobre grande parte do mundo. Muitos escritores declararam que era o Armagedom do Apocalipse. Com o passar do tempo parecia que esta grande conflagração iria consumir o mundo inteiro, sem deixar raiz nem ramo. Mas de repente o anjo clamou: “Detenham-se!”, porque o selamento não havia ainda terminado. Em 11 de novembro de 1918 os quatro anjos reprimiram os ventos de luta, e um mundo enfermo pela guerra, enlouquecido pelos quatro anos de mortandade, alegrou-se de novo em uma aparente paz e segurança.
A trégua foi aclamada como princípio de uma idade de ouro e de paz, prosperidade e boa vontade entre os homens, pois não se tinha travado a guerra para acabar com as guerras? Milhões de pessoas creram que nunca mais haveria outra guerra, que a humanidade tinha aprendido sua lição. Por acaso não devia ser Deus que, intervindo nos negócios das nações, trouxesse a paz para facilitar o término da grande obra, segundo as palavras do anjo: “Até selarmos na fronte os servos do nosso Deus”?
O período decorrido desde o armistício de 1918 até o estalar da Segunda Guerra Mundial ficou longe de ser pacífico, pois o Almanaque Mundial apresenta durante esse tempo pelo menos 17 conflitos, afetando quatro continentes. Muitos destes ameaçaram alcançar sérias proporções. Toda vez que o mundo afligido começava a temer a difusão destes conflitos, as dificuldades eram subitamente resolvidas. Interveio o anjo em favor da paz?
Logo, de repente, os quatro anjos voltaram a soltar os ventos e estes foram em torvelinho em um conflito devastador, global que chamamos Segunda Guerra Mundial, e quase todo o mundo foi afetado. Por sua magnitude e depredações, esta guerra superou em muito a primeira.
Não podemos compreender nem explicar o fluxo e refluxo destas correntes de guerra e de paz senão pela revelação de Jesus Cristo dada pelo profeta João, segundo está registrada nestes versículos. Quando convém aos planos e propósitos de Deus permitir que soprem os ventos de luta, então a natureza não regenerada pela graça, uma vez solta, opera sem freio. Mas ao Ele dizer: “Basta!”, o anjo clama: “Detenham-se!”, e cessa a luta para que a obra de Deus possa avançar. Será assim até a grande conclusão do plano da salvação.
Você se sente aflito, amado leitor, pela intranquilidade e a confusão entre as nações? Quer saber o que significa tudo isso? Você achará a resposta no quadro apresentado nestes versículos: “O Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens e o dá a quem quer” (Daniel 4:32). No momento que decidir, Ele fará cessar a “guerra até aos confins do mundo” (Salmos 46:9). (trecho retirado na edição vida plena)
Versículos 4-8 — “E ouvi o número dos assinalados, e eram cento e quarenta e quatro mil assinalados, de todas as tribos dos filhos de Israel. Da tribo de Judá, havia doze mil assinalados; da tribo de Rúben, doze mil; da tribo de Gade, doze mil; da tribo de Aser, doze mil; da tribo de Naftali, doze mil; da tribo de Manassés, doze mil; da tribo de Simeão, doze mil; da tribo de Levi, doze mil; da tribo de Issacar, doze mil; da tribo de Zebulom, doze mil; da tribo de José, doze mil; da tribo de Benjamim, doze mil.”
O número dos selados — Aqui se apresenta o número dos selados: 144 mil. Pelo fato de que há doze mil selados de cada uma das doze tribos, alguns supõem que esta obra já foi realizada, pelo menos no início da era cristã, quando essas tribos existiam literalmente. Não veem como se possa aplicar ao nosso tempo, em que todo vestígio de distinção entre essas tribos desde há tanto tempo foi apagado completamente. Convidamos essas pessoas a ler a linguagem clara da Epístola de Tiago: “Tiago, servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo, às doze tribos que andam dispersas, saúde.” Aqueles a quem Tiago se dirige são cristãos, pois que são seus irmãos. Alguns se converteram do paganismo e outros do judaísmo, mas todos são incluídos nas doze tribos. Como pode ser isso? Paulo explica-o em Romanos 11:17-24. Na clara figura do enxerto, a oliveira representa Israel.
Alguns dos ramos, os descendentes naturais de Abraão, foram quebrados por causa da sua incredulidade acerca de Cristo. Pela fé em Cristo, os ramos da oliveira brava, os gentios, foram enxertados na boa oliveira, e assim são perpetuadas as doze tribos. E aqui encontramos uma explicação da linguagem do mesmo apóstolo: “Nem todos os que são de Israel são israelitas” e “não é judeu o que o é exteriormente [...] mas é judeu o que o é no interior.” Romanos 9:6-8; 2:28 e 29. Assim, encontramos nas portas da Nova Jerusalém, que é uma cidade do Novo Testamento, ou cristã, os nomes das doze tribos dos filhos de Israel. Nos fundamentos desta cidade estão inscritos os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro. (Apocalipse 21:12-14).
Se as doze tribos pertencem exclusivamente à primeira dispensação, a ordem mais natural teria sido pôr os seus nomes nos fundamentos e os dos doze apóstolos nas portas; mas não, os nomes das doze tribos estão nas portas. Como todas as hostes dos remidos hão de entrar e sair através destas portas, que levam essas inscrições, assim também todos os remidos serão contados como pertencendo a essas doze tribos, sem considerar se na Terra foram judeus ou gentios.
É digno de nota que a enumeração das tribos aqui difere da que é dada em outros lugares. Os doze filhos de Jacó, que se tornaram os chefes de grandes famílias, chamadas tribos, foram: Rubem, Simeão, Levi, Judá, Issacar, Zebulom, Benjamin, Dã, Naftali, Gade, Aser e José. Mas Jacó, no seu leito de moribundo, adotou os filhos de José, Efraim e Manassés, para constituírem duas das tribos de Israel (Gênesis 48:5). Ficou assim dividida a tribo de José, completando treze tribos ao todo. Mas na distribuição da terra de Canaã, por sorteio, contavam apenas doze tribos e fizeram apenas doze divisões, pois que a tribo de Levi foi deixada de parte, destinada para o serviço do tabernáculo e sem herança.( texto acrescentado pela editora vida plena) Mas na passagem que está diante de nós as tribos de Efraim e Dã são omitidas, e em seu lugar são introduzidas as de Levi e José. A omissão de Dã, explicam os comentadores, deve-se fato de essa tribo ter sido muito afeiçoada à idolatria. (Ver Juízes 18). A tribo de Levi ocupa aqui o seu lugar com as restantes, visto que na Canaã celeste não existem as razões, que existiam na terrestre, para não terem herança. José provavelmente substitui Efraim, pois é um nome que parece ter sido aplicado tanto à tribo de Efraim como à de Manassés (Números 13:11).
Doze mil são selados de cada uma das doze tribos, mostrando que nem todos os que nos registros do Céu tinham um lugar entre estas tribos quando começou a obra de selamento, suportaram a prova e foram vencedores no final, porque os nomes já inscritos no livro da vida, serão riscados, caso não vençam (Apocalipse 3:5).
Versículos 9-12 — “Depois destas coisas, olhei, e eis aqui uma multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, que estavam diante do trono e perante o Cordeiro, trajando vestes brancas e com palmas nas suas mãos; e clamavam com grande voz, dizendo: Salvação ao nosso Deus, que está assentado no trono, e ao Cordeiro. E todos os anjos estavam ao redor do trono, e dos anciãos, e dos quatro animais; e prostraram-se diante do trono sobre seu rosto e adoraram a Deus, dizendo: Amém! Louvor, e glória, e sabedoria, e ações de graças, e honra, e poder, e força ao nosso Deus, para todo o sempre. Amém!”
Terminado o selamento João contempla uma inumerável multidão que, em arrebatamento, adora a Deus perante o Seu trono. Esta vasta multidão é constituída pelos salvos de toda nação, povo, tribo e língua, que foram ressuscitados na segunda vinda de Cristo, mostrando que o selamento é a última obra realizada em favor do povo de Deus antes da trasladação.
Versículos 13-17 — “E um dos anciãos me falou, dizendo: Estes que estão vestidos de vestes brancas, quem são e de onde vieram? E eu disse-lhe: Senhor, tu sabes. E ele disse-me: Estes são os que vieram de grande tribulação, lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro. Por isso estão diante do trono de Deus e o servem de dia e de noite no seu templo; e aquele que está assentado sobre o trono os cobrirá com a sua sombra. Nunca mais terão fome, nunca mais terão sede; nem sol nem calma alguma cairá sobre eles, porque o Cordeiro que está no meio do trono os apascentará e lhes servirá de guia para as fontes das águas da vida; e Deus limpará de seus olhos toda lágrima.”
Um grupo celestial — A pergunta feita por um dos anciãos a João: “Estes, que se vestem de vestiduras brancas, quem são e donde vieram?”, considerada em relação com a resposta de João: “Meu senhor, tu o sabes”, dão a entender que João não sabia, e pareceriam ilógicas se se referisse a toda a grande multidão que estava diante dele. Porque João sabia quem eram e de onde tinham vindo, porque acabava de dizer que eram pessoas — remidas sem dúvida — de todas as nações, tribos, povos e línguas. E João podia responder: Estes são os remidos de todas as nações da Terra. Nenhum grupo se apresenta ao qual mais naturalmente se fizesse alusão do que ao grupo de que se fala na primeira parte do capítulo: os 144 mil. João vira de fato este grupo no seu estado mortal, quando receberam o selo do Deus vivo no meio das perturbadas cenas dos últimos dias; mas ao encontrarem-se aqui entre a multidão dos remidos, a transição é tão grande, e a condição em que agora aparecem é tão diferente, que não os reconhece como o grupo especial que viu selado na Terra. E a este grupo parecem especialmente aplicáveis as especificações que se seguem:
Vieram da grande tribulação — Embora seja verdade até certo ponto, para todos os cristãos, que “através de muitas tribulações, nos importa entrar no reino de Deus” (Atos 14:22), isso se aplica de um modo muito especial aos 144 mil. Eles passam pelo tempo de angústia qual nunca houve desde que houve nação (Daniel 12:1). Experimentam a angústia mental do tempo da angústia de Jacó (Jeremias 30:4-7). Hão de subsistir sem mediador através das terríveis cenas das sete últimas pragas, que são manifestações da ira de Deus na Terra, como veremos em Apocalipse 15 e 16. Passam através do mais duro tempo de angústia que o mundo jamais conheceu, mas triunfam e são libertados.
Vestes brancas — Eles lavam as suas vestes e as branqueiam no sangue do Cordeiro. A última geração recebe conselhos muito enérgicos sobre a necessidade de adquirir a veste branca (Apocalipse 3:5 e 18). Os 144 mil recusam violar os mandamentos de Deus (Apocalipse 14:1 e 12). Finalmente se verá que puseram sua esperança de vida eterna nos méritos do sangue derramado de seu divino Redentor, e fizeram dEle sua fonte de justiça. Há um destaque especial ao dizer-se deles que lavaram suas roupas e as alvejaram no sangue do Cordeiro.
As primícias — O versículo 15 descreve o posto de honra que eles ocupam no reino e sua proximidade de Deus. Noutro lugar são chamados “primícias para Deus e para o Cordeiro” (Apocalipse 14:4).
Nunca mais terão fome — O versículo 16 diz: “Nunca mais terão fome, nunca mais terão sede.” Isso mostra que já tiveram fome e sede. Isso faz referência ao quê? Sem dúvida, se refere a alguma experiência especial, não poderá referir-se às suas provações no tempo de angústia, mais especialmente durante as sete últimas pragas. Nesse tempo os justos ficarão reduzidos a pão e água, mas essas coisas lhes “serão certas” (Isaías 33:16), e terão o suficiente para o sustento. Todavia não poderá suceder que quando os pastos se secarem com todos os frutos e vegetação (Joel 1:18-20), e os rios e fontes se converterem em sangue (Apocalipse 16:4-9), reduzindo a sua relação com a Terra e as coisas terrenas ao mais baixo limite, os santos que passarem por esse tempo serão levados transitoriamente aos extremos graus de fome e sede? Mas uma vez ganho o reino, “nunca mais terão fome, nunca mais terão sede.”
O profeta continua, em referência a esse grupo: “Nem sol nem calma alguma cairá sobre eles.” Os 144 mil vivem no tempo em que é dado poder ao Sol “para abrasar os homens com fogo” (Apocalipse 16:8 e 9). Embora sejam protegidos do mortal efeito produzido sobre os ímpios que os rodeiam, não podemos supor que a sua sensibilidade esteja tão embotada que esse terrível calor não lhes cause qualquer sensação desagradável. Então, quando entrarem nos campos da Canaã celeste estarão preparados para apreciar a promessa divina de que nem sol nem calma alguma os prejudicará.
O Cordeiro os apascentará — Outro testemunho acerca do mesmo grupo, e que se aplica ao mesmo tempo, diz: “São eles os seguidores do Cordeiro por onde quer que vá.” Apocalipse 14:4. Ambas as expressões apresentam o estado de íntima e divina comunhão em que o bendito Redentor em relação a Si próprio os admite.
O salmista parece se referir à mesma promessa, nessa bela passagem: “Eles se banqueteiam na fartura da tua casa; tu lhes dás de beber do teu rio de delícias.” (Salmos 36:8 — Nova Versão Internacional). A fraseologia desta promessa feita aos 144 mil encontra-se também parcialmente na seguinte profecia saída da pena de Isaías: “Aniquilará a morte para sempre, e assim enxugará o Senhor Jeová as lágrimas de todos os rostos, e tirará o opróbrio do Seu povo de toda a Terra; porque o Senhor o disse.” Isaías 25:8.
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