Apocalipse, Capítulo 5 Explicado

O desafio do livro selado

Versículo 1 — “E vi na destra do que estava assentado sobre o trono um livro escrito por dentro e por fora, selado com sete selos.” 

    Ao começar esse novo capítulo, a mesma visão está na mente do apóstolo. As palavras “dAquele que estava sentado no trono” referem-se evidentemente ao Pai, pois a seguir o Filho é introduzido como “um Cordeiro, como havendo sido morto”. O livro que João viu aqui continha uma revelação das cenas que iriam ocorrer na história da igreja até o fim do tempo. O fato de estar na mão direita dAquele que estava sentado no trono pode significar que só Deus tem conhecimento do futuro, a não ser que o queira revelar.

    O livro selado — Os livros usados no tempo do Apocalipse não tinham o formato dos de hoje. Não consistiam numa série de folhas encadernadas, mas eram compostos de tiras de pergaminho ou de outro material que se enrolavam. Sobre isso, Wesley diz:

“Os livros usados pelos antigos não eram como os nossos, mas eram volumes ou longos pedaços de pergaminho, enrolados num comprido pau, como frequentemente enrolamos as sedas. Tal era o livro aqui representado, selado com sete selos. Não que o apóstolo visse todos os selos de uma vez, porque havia sete selos enrolados um dentro do outro, cada um deles selado, de maneira que ao abrir e desenrolar o primeiro, aparecia o segundo selado até ser aberto, e assim sucessivamente até o sétimo.” [27]

    Assim, este livro não devia estar escrito do lado de dentro e do lado de fora, como parece indicar a pontuação da nossa versão comum. “Grocio, Lowman, Fuller, et. al.”, diz em certa Bíblia anotada – “tiram a vírgula, assim: ‘Escrito por dentro, e por trás (ou por fora) selado’.” [28] E sobre como estavam colocados estes selos já ficou suficientemente explicado.

Versículos 2-4 — “E vi um anjo forte, bradando com grande voz: Quem é digno de abrir o livro e de desatar os seus selos? E ninguém no céu, nem na terra, nem debaixo da terra, podia abrir o livro, nem olhar para ele. E eu chorava muito, porque ninguém fora achado digno de abrir o livro, nem de o ler, nem de olhar para ele.”

    O desafio — Pareceria que na visão Deus segura este livro à vista do Universo, e um anjo forte, de grande eminência e poder, avança como pregoeiro, e com voz potente desafia todas as criaturas do Universo a experimentar se a sua sabedoria consegue abrir os conselhos de Deus. Quem poderá ser achado digno de abrir o livro e de desatar os seus selos? Segue-se uma pausa. Em silêncio o Universo reconhece a sua incapacidade e indignidade para entrar nos conselhos do Criador. “Nem no Céu, nem sobre a terra, nem debaixo da terra, ninguém podia”. O grego [oudeís], ninguém, não significa somente nenhum homem, mas nenhum ser no Céu. Não temos aqui uma prova de que as faculdades dos anjos são limitadas, como as do homem, quanto a penetrar o futuro e a descobrir o que há de suceder? Quando o apóstolo viu que ninguém podia abrir o livro, temeu muito que não se revelassem os conselhos de Deus nele contidos, referentes ao Seu povo. E, devido à ternura natural dos seus sentimentos e ao seu interesse pela igreja, chorou muito.
    Diz John Wesley: “Quão longe dos sentimentos de João estão os que procuram alguma coisa mais do que o conteúdo deste livro!” [29]
    Sobre a frase: “Eu chorava muito”, Joseph Benson diz o seguinte:

“Profundamente preocupado com o pensamento de que ninguém se achava digno de compreender, revelar e cumprir os conselhos divinos, e temendo que ainda continuassem ocultos da igreja, esse pranto do apóstolo brotou da grandeza de sua mente. A ternura de coração que sempre teve aparece mais claramente agora que está fora de si. O Apocalipse não foi escrito sem lágrimas, nem será compreendido sem lágrimas.” [30]

Versículos 5-7 — “E disse-me um dos anciãos: Não chores; eis aqui o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi, que venceu para abrir o livro e desatar os seus sete selos. E olhei, e eis que estava no meio do trono e dos quatro animais viventes e entre os anciãos um Cordeiro, como havendo sido morto, e tinha sete pontas e sete olhos, que são os sete Espíritos de Deus enviados a toda a terra. E veio e tomou o livro da destra do que estava assentado no trono.”

    João não foi deixado a chorar mais. Deus não quer que Seus filhos sejam privados de qualquer conhecimento que os possa beneficiar. Há possibilidade de abrir o livro. Por isso um dos anciãos lhe diz: “Não chores: eis que o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi, venceu para abrir o livro e os seus sete selos.” Não vemos motivo para que um dos anciãos, de preferência a qualquer outro ser, desse esta informação a João, a menos que, tendo sido remido, estivesse especialmente interessado em tudo o que diz respeito ao bem da igreja na Terra.
    Cristo é aqui chamado o “Leão da tribo de Judá”. Por que é chamado Leão e da tribo de Judá? Quanto ao primeiro título, é provável que signifique a Sua força. Como o leão é o rei dos animais, o monarca da floresta, torna-se um emblema apropriado de autoridade e poder reais. E o qualificativo “da tribo de Judá”, é derivado, sem dúvida, da profecia de Gênesis 49:9 e 10: “Judá é um leão novo. Você vem subindo, filho meu, depois de matar a presa. Como um leão, ele se assenta; e deita-se como uma leoa; quem tem coragem de acordá-lo? O cetro não se apartará de Judá, nem o bastão de comando de seus descendentes, até que venha Aquele a quem ele pertence, e a Ele as nações obedecerão.” — Nova Versão Internacional.

    “A raiz de Davi” — Cristo era o sustentáculo de Davi em sua posição e poder. Não pode haver dúvida de que a posição de Davi foi especialmente ordenada por Cristo e especialmente sustentada por Ele. Davi era o tipo [representação]; Cristo o antítipo [o modelo a ser representado]. O trono e o reino de Davi sobre Israel eram uma representação do reino de Cristo sobre o Seu povo. Ele reinará sobre o “trono de Davi, Seu pai” (Lucas 1:32 e 33). Como Cristo apareceu na descendência de Davi ao tomar sobre Si a nossa natureza, é também chamado “a geração de Davi”, e “um rebento do tronco de Jessé”. (Apocalipse 22:16; Isaías 11:1 e 10) Em vista de Sua relação com o trono de Davi e o Seu direito de governar sobre o povo de Deus, havia razão para se Lhe confiar a abertura dos selos.

    “Venceu” — Esta palavra indica que o direito de abrir o livro foi adquirido por uma vitória ganha em algum conflito anterior. Vemos o relato de seu triunfo mais adiante neste capítulo. A cena seguinte apresenta-nos a grande obra de Cristo como Redentor do mundo, e o derramamento do Seu sangue para a remissão do pecado e a salvação do homem. Nesta obra esteve sujeito aos mais ferozes assaltos de Satanás. Mas suportou a tentação, sofreu as agonias da cruz, ressuscitou vitorioso da morte e do sepulcro, assegurou o caminho da redenção, e triunfou! Por isso os quatro seres vivos e os vinte e quatro anciãos cantam: “Digno és de tomar o livro e de abrir os seus selos, porque foste morto e com o Teu sangue nos compraste para
Deus.”
    João olha para o Leão da tribo de Judá e contempla um Cordeiro no meio do trono e dos quatro seres vivos e dos anciãos, como tendo sido morto.

    “No meio do trono” — Felipe Doddridge traduz assim: “E olhei para o espaço intermediário entre o trono e as quatro criaturas vivas, e no meio dos anciãos estava um Cordeiro.” [31] No centro da cena estava o trono do Pai, e de pé no espaço aberto que o rodeava, estava o Filho, apresentado sob o símbolo de um cordeiro morto. Em redor estavam os santos, que tinham sido remidos: em primeiro lugar os representados pelos quatro seres vivos, e depois os anciãos formando o segundo círculo, e os anjos (versículo 11) formando um terceiro círculo. A dignidade de Cristo, assim apresentado sob a figura de um cordeiro morto, é o objeto da admiração de toda a santa multidão.

    “Como tendo sido morto” — John C. Woodhouse, citado num comentário, diz: “O grego dá a entender que o Cordeiro apareceu ferido na nuca e na garganta, como uma vítima morta no altar.” [32] Sobre esta frase, Adam Clarke diz:

“Como se estivesse no ato de ser oferecido. Isto é muito notável. Tão importante é a oferta do sacrifício de Cristo à vista de Deus, que Ele é representado como no próprio ato de derramar Seu sangue pelos pecados do homem.” [33]
    
    “Sete chifres, bem como sete olhos” — Chifres são símbolos de poder e olhos representam a sabedoria. Sete é um número que representa plenitude ou perfeição. Aprendemos assim que o perfeito poder e a perfeita sabedoria são próprios do Cordeiro.

    “Veio, pois, e tomou o livro” — Alguns comentadores acham incoerente a ideia de um livro ser tomado pelo Cordeiro, e têm recorrido a vários expedientes para evitar a dificuldade. Mas acaso não é um princípio bem estabelecido que não se deve atribuir a um símbolo qualquer ação que possa ser realizada pela pessoa ou ser representada por esse símbolo? E não bastará esta explicação para se compreender a passagem? Sabemos que o cordeiro é um símbolo de Cristo, que não há absurdo algum em Cristo tomar um livro. E quando lemos que o livro foi tomado, pensamos que esse ato foi realizado não pelo cordeiro, mas por Aquele de quem o cordeiro é um símbolo.

Versículos 8-10 — “E, havendo tomado o livro, os quatro animais e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo todos eles harpas e salvas de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos. E cantavam um novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir os seus selos, porque foste morto e com o Teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo, e língua, e povo, e nação; e para o nosso Deus os fizeste reis e sacerdotes; e eles reinarão sobre a terra.”

    “Taças de ouro cheias de incenso” — Por esta expressão fazemos uma ideia da ocupação dos remidos representados pelos quatro seres vivos e pelos vinte e quatro anciãos. Têm taças de ouro, cheias de incenso, que são as orações dos santos. É um ministério próprio de sacerdotes.
    O leitor lembrará que no antigo serviço representativo o sumo sacerdote tinha muitos assistentes. Quando consideramos que olhamos agora para o santuário celeste, chegamos à conclusão de que esses remidos são os assistentes do nosso grande Sumo Sacerdote no Céu. Para esse fim foram, sem dúvida, remidos. E que podia ser mais próprio do que o Senhor ser assistido em Sua obra sacerdotal em favor da família humana por nobres membros dela, cuja santidade de vida e pureza de caráter os tenha habilitado para este fim? (Ver comentários sobre o capítulo 4:4).
    Sabemos que muitos nutrem uma grande aversão pela ideia de haver coisas reais e tangíveis no Céu. Embora o Apocalipse em grande parte apresente figuras, não apresenta ficções. Há realidade em todas as coisas descritas e compreendemos a realidade quando interpretamos corretamente as figuras. Assim, nesta visão sabemos que Aquele que está no trono é Deus. Ele está realmente ali. Sabemos que o cordeiro simboliza Cristo. Ele também está realmente ali. Ascendeu com um corpo literal e palpável, e quem poderá dizer que ainda não o conserva?
    Portanto, se o nosso grande Sumo Sacerdote é um Ser literal, deve ter um lugar literal onde ministrar. E se os quatro seres vivos e os vinte e quatro anciãos representam aqueles a quem Cristo tirou do cativeiro da morte ao ressuscitar e ascender ao céu, por que não serão eles seres tão literais no Céu como o eram quando subiram?

    O cântico — É chamado “novo cântico”, e é novo, provavelmente, em relação à ocasião e à composição. Sendo eles os primeiros que foram remidos, foram também os primeiros que puderam cantar. Chamam-se a si mesmos “reis e sacerdotes”. Já vimos em que sentido são sacerdotes. Assessoram a Cristo em Sua obra sacerdotal. No mesmo sentido, sem dúvida, são também reis, porque Cristo está sentado com o Pai no Seu trono, e certamente esses, como ministros Seus, desempenham algum papel no governo do Céu em relação a este mundo.
    
    A antecipação — “E reinarão sobre a Terra.” Apesar de serem remidos, cercarem o trono de Deus, estarem na presença do Cordeiro que os remiu e encontrarem-se rodeados pelas hostes angélicas do Céu, onde toda a glória é inefável, seu cântico fala de um estado ainda mais elevado que alcançarão depois de completada a grande obra da redenção, e eles, com toda a família de Deus, reinarão sobre a Terra, a herança prometida e a residência eterna dos santos. (Romanos 4:13; Gálatas 3:29; Salmos 37:11; Mateus 5:5; 2 Pedro 3:13; Isaías 65:17-25; Apocalipse 21:15).

Versículos 11 e 12 — “E olhei e ouvi a voz de muitos anjos ao redor do trono, e dos animais, e dos anciãos; e era o número deles milhões de milhões e milhares de milhares, que com grande voz diziam: Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber o poder, e riquezas, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e ações de graças.”

    O santuário celestial — Que fraco conceito formamos da magnitude e glória do templo celestial! João foi introduzido nesse templo no começo do capítulo 4, pela porta que foi aberta no Céu. Continua olhando a esse mesmo templo em Apocalipse 5:11 e 12. Agora contempla as hostes celestes. Em redor do trono estão os seres representados pelos quatro seres viventes. Logo vêm os vinte e quatro anciãos. João vê uma multidão de anjos celestes, rodeando o conjunto. Quantos? Quantos suporíamos que podem reunir-se no interior do templo celeste? “Milhões de milhões” exclama o vidente. Pareceria que nenhuma expressão numérica fosse adequada para abranger a incontável multidão, pelo que o autor de Hebreus ao referir-se a eles, chama “a incontáveis hostes de anjos” (Hebreus 12:22). E estes estavam no santuário celeste.
    Tal foi a multidão que João viu reunida no lugar que é o centro do culto do Universo, e onde se está completando o maravilhoso plano da redenção humana. A figura central desta inumerável e santa multidão era o Cordeiro de Deus, e o ato central de Sua vida, que motivava a sua admiração, era o derramamento do Seu sangue para a salvação do homem caído. Todas as vozes daquela hoste celestial se uniram no louvor : “Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e louvor.” É uma assembleia digna do lugar! É um cântico de adoração Àquele que pelo derramamento do Seu sangue Se fez resgate por muitos, e que, como nosso grande Sumo Sacerdote no santuário celestial, continua apresentando os méritos do Seu sacrifício em nosso favor. Ali, diante de tão augusta assembleia, nossa vida será em breve examinada. Quem nos habilitará para resistir o exame investigador? Quem nos capacitará para levantarmos e ficarmos de pé com a multidão sem pecado no céu? Oh! infinito mérito do sangue de Cristo, que pode limpar-nos de todas as nossas contaminações e tornar-nos aptos para pisar a santa colina de Sião! Oh! infinita graça de Deus, que pode preparar-nos para suportar a glória e dar-nos ousadia para entrar em Sua presença, com inexcedível júbilo!

Versículos 13 e 14 — “E ouvi a toda criatura que está no céu, e na terra, e debaixo da terra, e que está no mar, e a todas as coisas que neles há, dizer: Ao que está assentado sobre o trono e ao Cordeiro sejam dadas ações de graças, e honra, e glória, e poder para todo o sempre. E os quatro animais diziam: Amém! E os vinte e quatro anciãos prostraram-se e adoraram ao que vive para todo o sempre.”

    Um Universo purificado — No versículo 13 temos uma declaração colocada fora da sua ordem cronológica para seguir até o fim alguma afirmação ou referência anterior. Isso ocorre com frequência na Bíblia. Neste caso, antecipa-se o tempo em que a redenção termina. No versículo 10, os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos tinham declarado: “Reinarão sobre a Terra.” Agora o espírito do profeta é levado por antecipação ao acontecimento. Olha adiante, ao tempo em que estará completo o número dos remidos, o Universo liberto de pecado e pecadores, e se elevará um cântico universal de adoração a Deus e ao Cordeiro.
    É inútil tentar aplicar isto à igreja no seu estado presente ou a algum tempo no passado desde que o pecado entrou no mundo, ou mesmo desde que Satanás caiu da sua alta posição como anjo de luz e amor no Céu. Porque no tempo de que João fala, toda criatura no Céu e na Terra, sem exceção, eleva sua antífona [34] de louvor a Deus. Mas, para falar só deste mundo desde a queda, maldições em vez de bênçãos ergueram-se da grande maioria da nossa espécie apóstata contra Deus e o Seu trono. E assim será enquanto o pecado reinar. 

    -----> aqui há divergência entre os dois livros traduzidos de Uriah Smith

    Não encontramos, pois, lugar para esta cena que João descreve, a menos que nos antecipemos até o tempo em que esteja completado todo o plano da redenção, e os santos tenham tomado posse do seu reino prometido sobre a Terra. 
    Tanto ao Cordeiro como ao Pai sentado no trono são atribuídos louvor neste cântico de adoração: “Àquele que está sentado no trono e ao Cordeiro, seja o louvor, e a honra, e a glória, e o domínio pelos séculos dos séculos.” (Apocalipse 5:13). 
    Voltando da gloriosa cena antecipada no versículo 13 aos eventos que ocorrem diante dele no santuário celeste, o profeta ouve os quatro seres viventes exclamarem: Amém. (versão da editora vida plena)

    Não encontramos, pois, lugar para esta cena que João descreve, a menos que nos antecipemos até o tempo em que esteja completado todo o plano da redenção, e os santos tenham tomado posse do seu reino prometido sobre a Terra, o qual é antevisto pelas criaturas vivas e pelos anciãos no seu cântico do versículo 10. A esta luz, tudo é harmônico e claro. Aquele reinado na Terra começa depois da segunda ressurreição. Daniel 7:27; 2 Pedro 3:13; Apocalipse 21:1. Por altura dessa ressurreição, que ocorre mil anos depois da primeira ressurreição, (Apocalipse 20:4, 5), dá-se a perdição dos ímpios. 2 Pedro 3:7. Então desce fogo do céu, enviado por Deus, e os devora-os (Apocalipse 20:9); este fogo que causa a perdição dos homens ímpios é o fogo que funde e purifica a Terra, como vemos em 2 Pedro 3:7-13. Então são destruídos pecados e pecadores, a Terra é purificada, a maldição com todos os seus males é para sempre retirada, os justos “resplandecem como sol no reino de Seu Pai” e do universo purificado ascende para Deus uma antífona de louvor e ações de graça. Em todo o belo domínio do grande Criador, não há espaço para nenhum vasto receptáculo de fogo e enxofre, onde miríades, conservados pelo direto poder de um Deus de misericórdia, hajam de arder e contorcer-se em indizível e eterno tormento. Nesta jubilosa antífona não há notas com os discordantes e desesperados ais dos condenados, e com as maldições e blasfêmias de seres que estejam pecando e sofrendo sem um vislumbre de esperança. Toda a voz rebelde foi para sempre abafada na morte. Não ficou raiz nem ramo de Satanás e de todos os seus seguidores, do enganador e dos enganados. Malaquias 4:1; Hebreus 2:14. Em fumo se consumiram. Salmos 37:20. Desvaneceram em chamas como a inflamável palha. Mateus 3:12. Foram aniquilados não como matéria, mas como seres conscientes e inteligentes; ficaram como se nunca tivessem existido. Obadias 16.
    Ao Cordeiro, assim como ao Pai que está assentado sobre o trono, é rendido louvor neste cântico de adoração. Um grande número de comentadores viram aqui uma prova da eternidade de Cristo com o Pai; aliás, dizem eles, não se atribuiria aqui à criatura a adoração que pertence apenas ao Criador. Mas esta não é talvez a conclusão necessária. As escrituras em parte alguma falam de Cristo como de um ser criado, mas claramente afirmam que Ele foi gerado pelo Pai (Ver comentários à Apocalipse 3:14, onde demonstramos que Cristo não é um ser criado). Mas enquanto, como Filho gerado, não possuía com o Pai uma co-eternidade de existência pretérita, o começo da sua existência é anterior a toda obra da criação, em relação a qual Ele foi criador juntamente com Deus. João 1:3; Hebreus 1:3. Não podia o Pai ordenar que se prestasse a tal ser adoração igual a Sua, sem se tratar de idolatria da parte dos adoradores? Ele elevou-o a posições em que é próprio ser adorado, e alem disso ordenou que se lhe prestasse adoração, o que não teria sido necessário se Ele fosse igual ao Pai em eternidade de existência. O próprio Cristo declara que “como o Pai tem a vida em Si mesmo, assim deu ao Filho ter a vida em Si mesmo.” João 5:26. O Pai “exaltou-O soberanamente, e deu-lhe um nome que é sobre todo o nome”. Filipenses 2:9. E o próprio Pai diz: “E todos os anjos de Deus O adorem.” Hebreus 1:6. Estes testemunhos mostram que Cristo agora é objeto de adoração igualmente com o Pai; mas não provam que tenha com Ele uma eternidade de existência passada.
    Voltando da gloriosa cena antecipada no versículo 13 aos eventos que ocorrem diante dele no santuário celeste, o profeta ouve os quatro seres viventes exclamarem: Amém. (versão completa do livro)

Referências bibliográficas
[27] WESLEY, John. Explanatory Notes Upon the New Testament, p. 697, comentário sobre Apocalipse 5:1.
[28] The Cottage Bible, vol. 2, p. 1391, comentário de Apocalipse 5:1.
[29] WESLEY, John. Explanatory Notes Upon the New Testament, p. 698, comentário sobre Apocalipse 5:4.
[30] BENSON, Joseph. Commentary on the New Testament, vol. 2, p. 721, comentário sobre Apocalipse 5:4.
[31] DODDRIDGE, Felipe. The Family Expositor, vol. 6, p. 405. Paráfrase de Apocalipse 5:5.
[32] JENKS, William. Comprehensive Commentary, vol. 5, p. 684. Nota sobre Apocalipse 5:6.
[33] CLARKE, Adam. Commentary on the New Testament, vol. 2, p. 991, Nota sobre Apocalipse 5:6.
[34] Antífona: Versículo que se diz ou se entoa antes de um salmo ou de um cântico religioso e depois se canta inteiro ou se repete alternadamente em coro.


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