Apocalipse, Capítulo 2 Explicado

    
As cartas de Jesus às igrejas

    No primeiro capítulo, o profeta esboçou o tema das sete igrejas e seu ministério, representadas pelos sete castiçais e aos ministros das igrejas pelas sete estrelas. Considera agora cada igreja em particular e escreve a respectiva mensagem, dirigindo em cada caso a epístola ao anjo, ou seja, seu ministério.

Versículos 1-7 — “Escreve ao anjo da igreja que está em Éfeso: Isto diz Aquele que tem na Sua destra as sete estrelas, que anda no meio dos sete castiçais de ouro: Eu sei as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua paciência, e que não podes sofrer os maus; e puseste à prova os que dizem ser apóstolos e o não são e tu os achaste mentirosos; e sofreste e tens paciência; e trabalhaste pelo Meu nome e não te cansaste. Tenho, porém, contra ti que deixaste a tua primeira caridade. Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não, brevemente a ti virei e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres. Tens, porém, isto: que aborreces as obras dos nicolaítas, as quais Eu também aborreço. Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore da vida que está no meio do paraíso de Deus.”

    A igreja de Éfeso — Nas observações referentes a Apocalipse 1:4 foram apresentadas algumas razões por que as mensagens dirigidas às sete igrejas devem ser consideradas como proféticas e aplicáveis a sete períodos distintos que compreendem a dispensação cristã. Podemos acrescentar agora que esta opinião não é nova. Thomas Newton diz: “Muitos pretendem, e entre eles homens tão sábios como More e Vitringa, que as sete epístolas são proféticas e se referem a outros tantos períodos sucessivos ou estados da igreja, desde o início até o fim.”[10]
    Thomas Scott diz: “Muitos expositores entendem que as cartas às sete igrejas são profecias bíblicas de sete períodos distintos, em que se divide todo tempo compreendido desde os dias dos apóstolos até o fim do mundo.”[11]
    Embora nem Newton e nem Scott apoiem esta opinião, o seu testemunho demonstra que foi o ponto de vista de muitos expositores. Dois deles dizem:

    “O mais antigo comentarista do Apocalipse cuja obra chegou a nós, foi Vitorino, bispo de Pettau, o Petávio, que sofreu o martírio em 303. Foi contemporâneo de Irineu, e homem de piedade e diligência na apresentação dos ensinos das Escrituras e vigoroso em sua percepção do significado dos escritores sagrados. A maior parte de seus escritos, com exceção de alguns fragmentos, perdeu-se. Ficaram seus comentários do Apocalipse em um texto menos fiel do que poderíamos desejar, mas são suficientes para nos dar o resumo de suas opiniões. Em sua Scholia in Apocalypsin, diz que o que João dirige a uma igreja, dirige a todas; que Paulo foi o primeiro a ensinar que há sete Igrejas em todo o mundo, e que as sete Igrejas nomeadas representam a igreja católica [no sentido de “universal”, e não a denominação em si]; e que João, a fim de seguir o mesmo método, não ultrapassou o número sete.
    O que Vitorino quer dizer é que João, ao escrever ‘sete igrejas’, e apenas sete, queria dar a entender que todas as igrejas de todos os tempos são abrangidas pelas sete; e que, de igual maneira, as sete Igrejas do Apocalipse destinam-se a abranger todas as igrejas do mundo, isto é, a igreja católica [universal] de todos os tempos. Essa era também a opinião de Ticônio no século IV; de Aretas da Capadócia e Primásio de Andrumeto no século VI; e de Vitringa, Mede, Moro, Girdlestone e muitos outros teólogos de épocas posteriores.”[12]
    Mede expôs as Sete Epístolas como proféticas das Sete Épocas da Igreja, de tal modo que todo o bem ali encontrado sobre ela e todo o mal acerca de Roma (ver Trench, loc. cit., p. 228). Mais tarde, Vitringa expôs as epístolas segundo o mesmo princípio; e escreve (p. 32-36): “Existimo Spiritum S. sub typo et emblemate. Septem Ecclesiarum Asiae nobis [...] voluisse depingere septem variantes status Ecclesiae Christianae [...] usque ad Adventum Domini”; acrescentando “demonstratur illas Prophetice non Dogmatice exponendas”.
    Mede (em suas “Obras”, Advert, cap. 10, p. 905) apresenta mais amplamente sua opinião como segue: “Se consideramos que seu número é sete, que é o número de revolução de vezes, ou se consideramos a eleição do Espírito Santo que não abrange todas as igrejas nem sequer as mais famosas do mundo, como Antioquia, Alexandria, Roma [...] se se consideram bem estas coisas não se podem ver que estas sete igrejas, além de seu aspecto literal, estavam destinadas a ser modelos e figuras das diversas épocas da igreja católica do princípio ao fim? De modo que estas sete igrejas seriam para nós amostras proféticas de sete temperamentos e estados sucessivos de toda a igreja visível segundo suas diferentes épocas. [...] E sendo assim [...] então certamente a Primeira Igreja (ou seja o estado efésio) deve ser a primeira, e a última será a derradeira. [...] A menção dos falsos judeus e a sinagoga de Satanás (em Apoc. 2) ao falar das cinco igrejas do meio, indica que pertencem aos tempos da Besta e Babilônia. E quanto à sexta em particular temos um caráter apropriado onde situá-la, a saber, parcialmente por volta do período da queda da Besta, e parcialmente após sua destruição, ao vir a Nova Jerusalém”. (parte suprimida na versão Vida Plena)

    Lendo os autores acima citados, nota-se que o que levou os comentadores dos tempos mais modernos a descartar a ideia da natureza profética das mensagens às sete igrejas foi a doutrina relativamente recente e sem base bíblica do milênio temporal. O último período da igreja, como descrito em Apocalipse 3:15-17, parecia incompatível com o glorioso estado de coisas que devia existir na Terra durante mil anos, com todo o mundo convertido a Deus. Neste caso, como em tantos outros, leva-se o ponto de vista bíblico a indicar aquilo que é mais agradável. Os corações dos homens, como nos tempos antigos, ainda amam coisas aprazíveis, e os seus ouvidos estão sempre favoravelmente abertos para quem lhes profetizam paz.

    O primeiro período: Éfeso — A primeira igreja é chamada Éfeso. Segundo a interpretação feita aqui, abrangeria o primeiro período, ou seja, a fase apostólica. A definição da palavra Éfeso é “desejável”, palavra que descreve fielmente o caráter e condição da igreja durante seu primeiro estado. Os cristãos primitivos receberam a doutrina de Cristo em toda a sua força e pureza. Desfrutaram os benefícios e bênçãos dos dons do Espírito Santo. Distinguiram-se por suas obras, trabalho e paciência. Fiéis aos puros princípios ensinados por Cristo, não podiam suportar quem praticava o mal e punham à prova os falsos apóstolos, examinando os seus verdadeiros caracteres. Não temos evidência de que isso fosse feito em maior escala pela igreja literal de Éfeso do que por outras igrejas desse tempo. Paulo nada diz a este respeito na epístola que escreveu àquela igreja. Era uma obra que toda a igreja cristã realizava naquele período, e essa era, aliás, uma obra muito a propósito naquele tempo. (Ver Atos 15; 2 Coríntios 11:13).

    O anjo da igreja — O anjo de uma igreja deve significar um mensageiro ou ministro dessa igreja. Como cada igreja engloba certo período, o anjo de cada igreja deve significar o ministério, ou seja, o conjunto dos verdadeiros ministros de Cristo durante o período abrangido por essa igreja. Pelo fato das diferentes mensagens serem dirigidas aos ministros, não podem ser aplicáveis só a eles, mas se dirigem, com propriedade, por meio deles à igreja.

    Um motivo de censura — “Tenho, porém, contra ti”, diz Cristo, “que abandonaste o teu primeiro amor”. “O abandono do primeiro amor é tão digno de censura como o afastamento de uma doutrina fundamental ou da moralidade bíblica. Aqui a igreja não é acusada de cair da graça, nem de ter permitido a extinção do amor, mas à sua diminuição. Não há zelo nem sofrimento que possam expiar a falta do primeiro amor.”[13]
    Na experiência cristã nunca devia chegar o tempo em que, ao perguntar a alguém sobre o período do seu maior amor a Cristo, a pessoa não pudesse dizer: “O atual.” Mas se tal tempo chegasse, então deve o indivíduo se lembrar de onde caiu, meditar nisso, cuidadosamente recordar o estado da sua primeira aceitação de Deus, e apressar-se a arrepender-se, e voltar a dirigir seus passos para essa desejável posição. O amor, como a fé, é manifestado por obras, e o primeiro amor, quando alcançado, trará sempre consigo as primeiras obras.

    A ameaça — “E, se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas.” A vinda mencionada aqui deve ser uma vinda figurada, significando um juízo ou castigo, porquanto é condicional. A remoção do castiçal significa o fato de lhe serem tirados a luz e os privilégios do Evangelho e entregues a outras mãos, a menos que desempenhe melhor as responsabilidades a ele confiadas. Significa que Cristo rejeita os membros da igreja desse período como Seus representantes que deveriam levar a luz da verdade e do Evangelho perante o mundo. Essa ameaça aplica-se tanto aos membros individuais como ao conjunto da igreja. Não sabemos quantos assim fracassaram e foram rejeitados dentre os que professavam o cristianismo durante aquele período; sem dúvida foram muitos. Assim continuaram as coisas, alguns permanecendo firmes, outros apostatando, deixando de transmitir luz ao mundo; mas novos crentes iam preenchendo as vagas feitas pela morte e apostasia, até que a igreja alcançou uma nova era em sua experiência, apontada como outro período na sua história e abrangida por outra mensagem.

    Os nicolaítas — Quão pronto está Cristo a elogiar o Seu povo pelas boas qualidades que demonstra! Se há alguma coisa que Ele aprova, logo a menciona. E nesta mensagem à igreja de Éfeso, tendo mencionado primeiro as suas boas qualidades e depois os fracassos, como se não quisesse passar por alto nenhuma das suas boas qualidades, menciona que eles odiavam as obras dos nicolaítas, que Ele também odiava. A doutrina dos mesmos é condenada no versículo 15. Parece que eram pessoas cujas ações e doutrinas eram repulsivas para o Céu. Sua origem é de certa maneira duvidosa. Alguns dizem que procediam de Nicolau de Antioquia, um dos sete diáconos (Atos 6:5); outros, que a sua origem era atribuída a ele, só para se apoiar com o prestígio do seu nome; enquanto que uma terceira opinião é que a seita tomou o nome de um Nicolau de data posterior. A última teoria é provavelmente a opinião mais correta. Acerca das suas doutrinas e práticas, parece ser opinião geral que defendiam a poligamia, considerando o adultério e a prostituição como coisas indiferentes, e permitiam o comer coisas oferecidas aos ídolos. (Ver Clarke, Kitto e outros comentaristas).

    O convite a prestar atenção — “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas”. Esta é uma forma solene de atrair a atenção universal para o que é de importância geral e mais urgente. Idêntica linguagem é usada com cada uma das sete igrejas. Cristo, quando esteve na Terra, usou a mesma forma de falar para chamar a atenção do povo para os mais importantes dos Seus ensinos. Usou-a com referência à missão de João (Mateus 11:15), à parábola do semeador (Mateus 13:9) e à parábola do joio, apresentando o fim do mundo (Mateus 13:43). É também usada quanto a um importante acontecimento profético em Apocalipse 13:9.

    A promessa ao vencedor — Ao vencedor é prometido que comerá da árvore da vida que cresce no meio do paraíso, o jardim de Deus. Onde está esse Paraíso? Está no terceiro Céu. Paulo escreve, em 2 Coríntios 12:2, que conheceu um homem (referia-se a si mesmo), que foi arrebatado até o terceiro Céu. No versículo 4 ele diz que foi arrebatado ao “Paraíso”, o que nos permite tirar a conclusão de que esse Paraíso está no terceiro Céu. Parece que neste Paraíso está a árvore da vida. A Bíblia apresenta só uma árvore da vida. É mencionada seis vezes: três em Gênesis e três no Apocalipse, mas todas as vezes o nome é acompanhado com o artigo definido “a”. É a árvore da vida no primeiro livro da Bíblia, a árvore da vida no último, a árvore da vida no “Paraíso” (termo usado na tradução grega de Gênesis) do Éden, no princípio, e a árvore da vida no Paraíso celestial de que agora João fala. Se há apenas uma árvore, e ela esteve no princípio na Terra, pode-se perguntar como pode estar agora no Céu. A resposta é que deve ter sido levada para o Paraíso celeste. A única maneira de um mesmo corpo situado num lugar passar para outro local é pelo seu transporte físico. Há boas razões para crer que a árvore da vida foi levada da Terra para o Céu. Um comentarista observa a respeito:

“O ato de Deus ao colocar querubins ‘para guardar o caminho da árvore da vida’ (Gênesis 3:24), no jardim do Éden, não tem apenas um aspecto que indica severidade judicial, mas é também, em certo sentido, uma promessa cheia de consolação. O bem-aventurado lugar, do qual o homem foi expulso, não é aniquilado nem abandonado à desolação e ruína, mas retirado da Terra e da humanidade e confiado ao cuidado das mais perfeitas criaturas de Deus, para poder, finalmente, ser restituído ao homem depois de remido (Apocalipse 22:2). O jardim, como foi antes que Deus o plantasse e adornasse, caiu sob maldição, como o resto da Terra, mas o acréscimo celestial e paradisíaco foi posto a salvo e confiado aos querubins. O Paraíso verdadeiro (ideal) foi trasladado ao mundo invisível. Mas pelo menos uma cópia simbólica dele, estabelecida no lugar santíssimo do tabernáculo, foi concedida ao povo de Israel segundo o modelo que Moisés viu no monte (Êxodo 25:9 e 40); no próprio original, como renovada habitação do homem remido, descerá finalmente à Terra. (Apocalipse 21:10).”[14]

    Ao vencedor é, pois, prometida uma devolução superior ao que Adão perdeu. Esta promessa se dirige não apenas aos vencedores daquele período da igreja, mas a todos os vencedores de todos os tempos, porque as grandes recompensas do Céu não têm restrições. Leitor, empenhe-se em prol da vitória, pois quem tiver acesso à árvore da vida, que está no meio do Paraíso de Deus, jamais morrerá.

    O período da igreja — Pode-se considerar o tempo abrangido por esta primeira igreja como se estendendo desde a ressurreição de Cristo até o fim do primeiro século, ou à morte do último dos apóstolos.

Versículo 8-11 — “E ao anjo da igreja que está em Esmirna escreve: Isto diz o Primeiro e o Último, que foi morto e reviveu: Eu sei as tuas obras, e tribulação, e pobreza (mas tu és rico), e a blasfêmia dos que se dizem judeus e não o são, mas são a sinagoga de Satanás. Nada temas das coisas que hás de padecer. Eis que o diabo lançará alguns de vós na prisão, para que sejais tentados; e tereis uma tribulação de dez dias. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida. Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas: O que vencer não receberá o dano da segunda morte.”

    A igreja de Esmirna — Note-se que ao apresentar-Se a cada igreja, o Senhor menciona algumas das Suas características que Lhe atribuem idoneidade para dar-lhes o testemunho que profere. À igreja de Esmirna, que estava prestes a passar pela prova ardente da perseguição, revela-Se Ele como Aquele que foi morto e reviveu. Se fossem chamados a selar com o sangue o seu testemunho, deviam lembrar-se de que repousavam sobre eles os olhos dAquele que participou da mesma sorte, mas triunfou sobre a morte e podia fazê-los sair das suas sepulturas de mártires.

    Pobreza e riqueza — “Conheço [...] a tua pobreza”, diz-lhes Cristo, “(mas tu és rico).” À primeira vista, isto parece um estranho paradoxo! Mas quem são os verdadeiros ricos neste mundo? Os que são “ricos na fé” e “herdeiros do reino”. As riquezas deste mundo, pela qual os homens tão ansiosamente lutam, pelas quais com frequência trocam a felicidade presente e a vida eterna futura, são “moeda que não corre no Céu”. Segundo a justa observação de certo escritor, “há muitos ricos pobres, e muitos pobres ricos.”

    “A si mesmos se declaram judeus e não são” — É evidente que o termo “judeu” não é aqui usado no sentido literal. Indica um caráter que foi aprovado pelas normas evangélicas. A linguagem de Paulo esclarece este ponto. Diz ele: “Porque não é judeu o que o é exteriormente, nem é circuncisão a que o é exteriormente na carne. Mas é judeu o que o é no interior, e circuncisão a que é do coração, no espírito, não na letra: cujo louvor não provém dos homens, mas de Deus.” (Romanos 2:28 e 29) E, noutro lugar, diz: “Porque nem todos os que são de Israel, são israelitas; nem por serem descendência de Abraão são todos filhos.” (Romanos 9:6 e 7) Em Gálatas 3:28 e 29 Paulo diz-nos ainda que em Cristo não há distinção exterior entre judeu e grego, mas se somos de Cristo, então somos descendência de Abraão (no verdadeiro sentido) e herdeiros segundo a promessa. Dizer, como alguns, que o termo “judeu” nunca é aplicado a cristãos, é contradizer todas estas declarações inspiradas de Paulo e o testemunho da Testemunha fiel e verdadeira à igreja de Esmirna. Alguns hipocritamente pretendiam ser judeus neste sentido cristão, quando nada possuíam no respectivo caráter. Esses tais eram da sinagoga de Satanás.

    Tribulação de dez dias — Como esta mensagem é profética, o tempo mencionado nela deve também ser considerado como profético. Em vista de que um dia profético representa um ano literal, os dez dias representam dez anos. E é um fato notável que a última e mais sangrenta das perseguições durou justamente dez anos, de 303 a 313 d.C.
    Seria difícil aplicar esta linguagem se não se considerar essas mensagens como proféticas, porque nesse caso apenas podiam significar dez dias literais. Não é provável que uma perseguição de dez dias, sofrida por uma única igreja, constituísse assunto de profecia; e nenhuma referência de um caso de tão restrita perseguição se pode encontrar. Por outro lado, aplicada esta perseguição a alguma das notáveis perseguições daquele período, como se pode dizer que se refere a uma igreja apenas? Todas as igrejas sofreram essas perseguições. Portanto, não seria apropriado destacar um só grupo, com exclusão dos restantes, como o único envolvido em tal calamidade.

    A recomendação — “Sê fiel até a morte.” Alguns pretendem fazer desta expressão um argumento em favor da recepção da vida eterna no momento da morte. É um argumento sem peso, pois não se afirma aqui que a coroa da vida é concedida imediatamente depois da morte. Por isso, devemos estudar outras passagens da Escritura para saber quando será dada a coroa da vida; e essas passagens nos dão plena informação. Paulo declara que essa coroa há de ser dada no dia do aparecimento de Cristo (2 Timóteo 4:8), ao soar da última trombeta (1 Coríntios 15:51-54), quando o Senhor descer do Céu (1 Tessalonicenses 4:16 e 17); quando aparecer o Sumo Pastor (1 Pedro 5:4). Cristo diz que será na ressurreição dos justos (Lucas 14:14), quando Ele voltar, a fim de levar os Seus para a morada que lhes foi preparar, para que estejam com Ele para sempre (João 14:3). “Seja fiel até a morte” e depois de ter sido assim fiel, quando chegar o tempo de os santos de Deus serem recompensados, você receberá a coroa da vida.

    A promessa ao vencedor — “De nenhum modo sofrerá dano da segunda morte.” Não é a linguagem usada aqui por Cristo um comentário do que Ele ensinou aos Seus discípulos, quando disse: “Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes Aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo” (Mateus 10:28)? Os membros da igreja de Esmirna podiam ser mortos aqui, mas a vida futura, que se lhes daria, nenhum homem lhes poderia tirar, nem Deus o permitiria. Assim não deviam temer os que podiam matar o corpo, nem temer coisa alguma das coisas que haveriam de sofrer, pois a sua existência eterna estava garantida.

    Significado e época da igreja — Esmirna significa “mirra”, denominação apropriada para a igreja de Deus ao passar pela fornalha da perseguição, e era para Ele como um “perfume suave”. Mas logo chegamos aos tempos de Constantino, em que a igreja apresenta nova fase, sendo aplicados à sua história nome e mensagem muito diferentes. 
    Segundo a aplicação anterior, os limites da igreja de Esmirna seriam os anos 100-323 d.C. 

Versículos 12-17 — “E ao anjo da igreja que está em Pérgamo escreve: Isto diz Aquele que tem a espada aguda de dois fios: Eu sei as tuas obras, e onde habitas, que é onde está o trono de Satanás; e reténs o Meu nome e não negaste a Minha fé, ainda nos dias de Antipas, Minha fiel testemunha, o qual foi morto entre vós, onde Satanás habita. Mas umas poucas coisas tenho contra ti, porque tens lá os que seguem a doutrina de Balaão, o qual ensinava Balaque a lançar tropeços diante dos filhos de Israel para que comessem dos sacrifícios da idolatria e se prostituíssem. Assim, tens também os que seguem a doutrina dos nicolaítas, o que Eu aborreço. Arrepende-te, pois; quando não, em breve virei a ti e contra eles batalharei com a espada da Minha boca. Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao que vencer darei Eu a comer do maná escondido e dar-lhe-ei uma pedra branca, e na pedra um novo nome escrito, o qual ninguém conhece senão aquele que o recebe.”

    A igreja de Pérgamo — Contra a igreja anterior não é pronunciada nenhuma palavra de condenação. A perseguição tende sempre a conservar a igreja pura e instiga seus membros à piedade. Mas chegamos agora a um período em que começam a operar influências através das quais se foram introduzindo erros e males na igreja. 
    A palavra “Pérgamo” significa “altura, elevação”. Foi um período em que os verdadeiros servos de Deus tiveram de lutar contra um espírito de política, orgulho e popularidade mundanos entre os professos seguidores de Cristo e contra as violentas operações do mistério da iniquidade, que finalmente resultaram no completo desenvolvimento do homem do pecado (2 Tessalonicenses 2:3).

    O elogio — “Onde está o trono de Satanás.” Cristo reconhece a situação desfavorável do Seu povo durante este período. A linguagem não se refere a qualquer localidade. Satanás opera onde quer que habitem cristãos. Mas certamente há momentos em que opera com especial poder, e o período abrangido pela igreja de Pérgamo foi um deles. Durante esse período a doutrina de Cristo estava a se corromper, o mistério da iniquidade operava e Satanás começava a lançar o próprio fundamento desse estupendo sistema de iniquidade: o papado. Daí o desvio predito por Paulo em 2 Tessalonicenses 2:3.
    É interessante notar que a cidade de Pérgamo veio a ser a sede do antigo culto babilônico do sol.
Os magos caldeus tiveram um longo período de prosperidade em Babilônia. Um pontífice designado pelo soberano presidia um colégio de 72 hierofantes. [...] [Depois da ocupação medo-persa] os caldeus derrotados fugiram para a Ásia Menor, e estabeleceram seus colégio central em Pérgamo, onde tinham levado consigo o Paladião de Babilônia, ou pedra cúbica. Ali, livres do controle do Estado, perpetuaram os ritos de sua religião, e intrigando com os gregos, maquinaram contra a paz do Império Persa. (textos suprimidos na edição vida plena)

Antipas — Há bons motivos para crer que este nome se refira a uma classe de pessoas e não a um indivíduo, porque hoje não se conhece qualquer informação autêntica a respeito de tal personagem. A este propósito diz Guilherme Miller:
“Supõe-se que Antipas não tenha sido um indivíduo, mas uma classe de homens que naquele tempo se opunham ao poder dos bispos, ou papas, sendo uma combinação de duas palavras: Anti, contra, oposto, e papas, pai, ou papa. Muitos deles naquele tempo sofreram o martírio em Constantinopla e Roma, onde bispos e papas começavam a exercer o poder que logo reduziria à sujeição os reis da Terra e pisotearia os direitos da igreja de Cristo. E, da minha parte, não vejo motivo para rejeitar esta explicação da palavra ‘Antipas’ no texto, pois que a história daqueles tempos é absolutamente omissa acerca de um indivíduo, como o nomeado aqui.”[15]

    O Dicionário Bíblico de Watson diz: “A antiga história eclesiástica não apresenta informação alguma deste Antipas.”[16] O Dr. Clarke menciona a existência de uma obra, intitulada “Atos de Antipas”, mas dá-nos a entender que o seu título não merece crédito.[17]

    A causa da censura ou reprimenda — Uma situação desvantajosa não é desculpa para a igreja cometer erros. Embora essa igreja vivesse num tempo em que Satanás elaborava poderosas seduções, era dever dos membros conservarem-se livres do fermento das suas más doutrinas. Assim, foram censurados por acolherem em seu meio os que seguiam a doutrina de Balaão e os nicolaítas. (Ver os comentários sobre os nicolaítas no v. 6). Revela-se aqui em que consistia a doutrina de Balaão. Ele ensinou Balaque a lançar tropeços diante dos filhos de Israel. (Ver o relato completo de sua obra e seus resultados em Números 22:25 e 31:13-16). Parece que Balaão queria amaldiçoar Israel para obter a rica recompensa que Balaque lhe oferecera. Mas, não lhe sendo permitido pelo Senhor amaldiçoá-lo, resolveu realizar essencialmente o mesmo, embora de modo diferente. Aconselhou Balaque a seduzir os israelitas, por meio das mulheres de Moabe, a participarem na celebração dos ritos da idolatria, e em todas as licenciosidades que os acompanhavam. O plano teve êxito. As
abominações da idolatria espalharam-se pelo acampamento de Israel, caiu sobre eles a maldição de Deus, e morreram 24 mil pessoas.
    As doutrinas censuradas na igreja de Pérgamo eram, sem dúvida, semelhantes em suas tendências, pois levavam à idolatria espiritual e a uma relação ilícita entre a igreja e o mundo. Este espírito produziu finalmente a união entre os poderes civil e eclesiástico, que culminou na formação do papado.

    A advertência — Cristo declarou que, se os membros da igreja de Pérgamo não se arrependessem, Ele próprio tomaria o caso em Suas mãos e viria contra eles (em juízo) e batalharia contra eles (os que defendiam essas más doutrinas); e toda a igreja seria feita responsável pelos males praticados por esses hereges tolerados no seu meio.

    A promessa ao vencedor — Ao que vencer é prometido que há de comer do maná escondido, e, como sinal de aprovação, há de receber do seu Senhor uma pedra branca, com um novo e precioso nome gravado nela. A maior parte dos comentadores aplicam o maná, a pedra branca e o novo nome a bênçãos espirituais que podem ser desfrutadas ainda nesta vida. Mas como todas as outras promessas feitas ao vencedor, também esta se refere sem dúvida ao futuro, e será dada quando chegar o tempo de os santos serem recompensados. As seguintes palavras de H. Blunt são as mais satisfatórias.
    “Os comentadores supõem geralmente que isto se refere a um antigo costume judicial de lançar uma pedra negra numa urna quando se pretendia condenar, e uma pedra branca quando se perdoava o preso. Mas este é um ato tão distinto do ‘dar-lhe-ei uma pedra branca’, que estamos dispostos a concordar com os que pensam que se refere antes a um costume muito diferente, e não desconhecido do leitor dos clássicos, que concorda de modo belo com o caso que temos diante de nós. Nos tempos primitivos, quando as viagens eram difíceis por falta de lugares de alojamento público, os particulares exerciam em larga escala a hospitalidade. Encontramos frequentes vestígios em toda a História, e em particular na do Antigo Testamento. As pessoas que se beneficiavam dessa hospitalidade, e as que a praticavam, frequentemente contraíam relações de profunda amizade e consideração mútua; e tornou-se costume arraigado entre os gregos e os romanos dar ao hóspede algum sinal particular, que passava de pais a filhos e garantia hospitalidade e bom tratamento sempre que era apresentado. Este sinal era geralmente uma pequena pedra ou seixo, cortado ao meio, em cujas metades tanto o hospedeiro como o hóspede inscreviam os seus nomes, trocando-as depois entre si. A apresentação desta pedra era o suficiente para garantir a amizade para si e para os descendentes sempre que de novo viajassem na mesma direção. É evidente que essas pedras deviam ser bem guardadas, e os nomes escritos nelas cuidadosamente ocultos, para que outros não obtivessem os privilégios em vez de as pessoas a quem eram destinadas. Quão natural, pois, a referência a este costume nas palavras do texto: ‘Darei a comer do maná escondido!’, e depois disso, tendo-o feito participante da Minha hospitalidade, tendo-o como Meu hóspede e amigo, ‘lhe darei uma pedrinha branca, e sobre essa pedrinha escrito um nome novo, o qual ninguém conhece, exceto aquele que o recebe’. Dar-lhe-ei uma garantia da Minha amizade, sagrada e inviolável, conhecido só por ele.”[18]

    Sobre o novo nome, diz Wesley muito a propósito: “Jacó, depois da sua vitória, ganhou o nome de Israel. Você quer saber qual será o seu novo nome? É simples, vença. Até então toda a sua curiosidade é inútil. Depois poderá ler escrito na pedra branca.”[19]

Versículos 18-29 — “E ao anjo da igreja de Tiatira escreve: Isto diz o Filho de Deus, que tem os olhos como chama de fogo e os pés semelhantes ao latão reluzente: Eu conheço as tuas obras, e a tua caridade, e o teu serviço, e a tua fé, e a tua paciência, e que as tuas últimas obras são mais do que as primeiras. Mas tenho contra ti o tolerares que Jezabel, mulher que se diz profetisa, ensine e engane os Meus servos, para que se prostituam e comam dos sacrifícios da idolatria. E dei-lhe tempo para que se arrependesse da sua prostituição; e não se arrependeu. Eis que a porei numa cama, e sobre os que adulteram com ela virá grande tribulação, se não se arrependerem das suas obras. E ferirei de morte a seus filhos, e todas as igrejas saberão que Eu Sou Aquele que sonda as mentes e os corações. E darei a cada um de vós segundo as vossas obras. Mas Eu vos digo a vós e aos restantes que estão em Tiatira, a todos quantos não têm esta doutrina e não conheceram, como dizem, as profundezas de Satanás, que outra carga vos não porei. Mas o que tendes, retende-o até que Eu venha. E ao que vencer e guardar até ao fim as Minhas obras, Eu lhe darei poder sobre as nações, e com vara de ferro as regerá; e serão quebradas como vasos de oleiro; como também recebi de Meu Pai, dar-lhe-ei a estrela da manhã. Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas.”

    Se o período abrangido pela igreja de Pérgamo foi corretamente localizado, terminou com o estabelecimento do papado, em 538 d.C. A divisão mais natural que se pode conferir para a igreja de Tiatira seria a duração da supremacia papal, ou seja, os 1.260 anos que transcorrem desde 538 a 1798 d.C.

    A igreja de Tiatira — Tiatira significa “perfume suave de trabalho” ou “sacrifício de contrição”. Esse nome descreve bem o estado da igreja de Jesus Cristo durante o longo período de triunfo e perseguição papal. Este tempo que foi de terrível tribulação sobre a igreja, como nunca houve (Mateus 24:21) melhorou a condição religiosa dos crentes. Daí o receberem por suas obras, caridade, serviço, fé e paciência, o elogio dAquele cujos olhos são como chama de fogo. As obras são de novo mencionadas como dignas de duplo elogio, visto que as últimas são melhores do que as primeiras. A condição dos membros melhorou, cresceram na graça e em todos estes elementos do cristianismo. Este progresso, nessas condições, foi elogiado pelo Senhor.
    Esta igreja é a única elogiada por progresso em coisas espirituais. Mas assim como na igreja de Pérgamo, as circunstâncias desfavoráveis não eram desculpa para falsas doutrinas na igreja. Nesse período, a quantidade de trabalho, caridade, serviço, fé ou paciência não poderia compensar igual pecado. É-lhes apresentado, pois, uma censura por tolerarem no seu meio um agente de Satanás.

    O motivo da acusação — “Essa mulher, Jezabel”. Como na igreja anterior Antipas não significava um indivíduo, mas uma classe de pessoas, “Jezabel” é aqui apresentada no mesmo sentido. Watson afirma: “O nome de Jezabel é usado proverbialmente. Apocalipse 2:20.”[20] E Miller diz o seguinte:

“Jezabel é um nome figurado, referente à mulher de Acabe, que matou os profetas de Jeová, levou seu marido à idolatria e alimentou os profetas de Baal à sua própria mesa. Não se podia usar uma figura mais flagrante para representar as abominações papais (Ver 1 Reis 18, 19 e 21). Vê-se, pela história, bem como por este versículo, que a Igreja de Cristo tolerava que alguns dos monges papais pregassem e ensinassem no meio dela.”[21]

    Certo comentarista apresenta a seguinte nota sobre o versículo 23: “Fala-se de filhos, o que confirma a ideia de que se tem em vista uma seita e os seus seguidores.”[22] 
    Os castigos com que se ameaça essa mulher estão em harmonia com as ameaças em outras partes deste livro contra a Igreja Romana, sob o símbolo de uma mulher corrupta, a mãe das prostituições e abominações da Terra (Ver Apocalipse 17-19). A morte com a qual ela é ameaçada, sem dúvida, é a segunda morte, no fim do milênio de Apocalipse 20, quando se der a justa retribuição por Aquele que sonda os “rins e os corações” de todos os homens. E, além disso, notemos a declaração: “E vos darei a cada um segundo as vossas obras”. Esta é uma prova de que a carta a essa igreja refere-se profeticamente à recompensa ou castigo final de todos os seus responsáveis.

    “E todas as igrejas conhecerão” — Tem-se argumentado que esta expressão demonstra que essas igrejas não podem significar sete períodos sucessivos da dispensação evangélica, mas deviam existir ao mesmo tempo, ou do contrário todas as igrejas não poderiam saber que Cristo era o perscrutador dos rins e corações, ao verem os seus juízos sobre Jezabel e seus filhos. Mas quando é que todas as igrejas hão de saber isto? Quando esses filhos forem castigados com a morte. E se isso há de suceder na altura em que a segunda morte é infligida a todos os ímpios, então, de fato, “todas as igrejas”, ao presenciarem a execução do castigo, conhecerão que não há nada secreto, não há mau pensamento ou desejo do coração, que se tenha furtado ao conhecimento dAquele que, com olhos como chamas de fogo, sonda os corações e rins dos homens.

    “Outra carga não jogarei sobre vós” — Cremos que é aqui prometido à igreja alívio da carga, a saber, que durante tanto tempo suportou o peso da opressão papal. Não pode aplicar-se à recepção de novas verdades, porque a verdade não é uma carga para nenhum ser responsável. Mas os dias de tribulação que haviam de vir sobre a igreja seriam abreviados por causa dos escolhidos (Mateus 24:22). “Serão ajudados”, diz o profeta, “com um  pequeno socorro” (Daniel 11:34). “E a terra ajudou a mulher”, diz João (Apocalipse 12:16).

    A admoestação — “Conservai o que tendes, até que Eu venha.” Estas palavras do Filho de Deus apresentam nos uma vinda incondicional. As igrejas de Éfeso e Pérgamo eram ameaçadas com essa vinda sob condições: “Arrepende-te, pois, quando não, em breve virei a ti.” Essa vinda implicava um castigo. Mas aqui se apresenta uma vinda de caráter diferente. Não é uma ameaça de castigo. Não depende de condição. É proposta ao crente como uma esperança, e não se pode referir a outro acontecimento senão à futura segunda vinda do Senhor em glória, em que findarão as provações do cristão. Então seus esforços na carreira da vida e sua luta pela coroa de justiça serão recompensados com sucesso eterno. 
    Essa igreja leva-nos ao tempo em que começam a se cumprir os mais imediatos sinais da Sua vinda iminente. Em 1780, dezoito anos antes do fim deste período, realizaram-se os sinais preditos no Sol e na Lua. (Ver os comentários sobre Apocalipse 6:12). E, referindo-Se a esses sinais, disse o Salvador: “Quando estas coisas começarem a acontecer, olhai para cima e levantai as vossas cabeças, porque a vossa redenção está próxima.” (Lucas 21:28). Na história dessa igreja atingimos um ponto em que o fim se aproxima tanto que a atenção do povo podia ser atraída mais particularmente para esse acontecimento. Para todo o intervalo de tempo, Cristo disse: “Negociai até que Eu venha.” (Lucas 19:13). Mas, para agora diz: “Retende-o até que Eu venha.”

    A promessa ao vencedor — “Até o fim” Isto deve se referir ao fim da era cristã. “Aquele que perseverar até o fim”, diz Cristo, “será salvo.” (Mateus 24:13). Não temos aqui uma promessa igual para aqueles que guardam as obras de Cristo, fazem o que Ele ordenou e têm a fé de Jesus? (Apocalipse 14:12).

    “Autoridade sobre as nações” — Neste mundo dominam os ímpios, e os servos de Cristo não são estimados. Mas está chegando o tempo em que a justiça terá a preferência, em que toda impiedade será vista à sua verdadeira luz e será plenamente desacreditada, e em que o cetro do poder estará nas mãos do povo de Deus. Essa promessa é esclarecida pelos seguintes fatos e afirmações bíblicas: As nações hão de ser entregues pelo Pai nas mãos de Cristo para serem esmigalhadas com uma vara de ferro e despedaçadas como um vaso de oleiro (Salmos 2:8 e 9). Os santos associar-se-ão com Cristo quando Ele assim iniciar Sua obra de poder e juízo (Apocalipse 3:21). Hão de reinar com Ele, nessas funções, por mil anos (Apocalipse 20:4). Durante esse período é determinado o grau do castigo dos ímpios e dos anjos maus (1 Coríntios 6:2 e 3). No fim dos mil anos terão a honra de participar com Cristo na execução da sentença escrita (Salmos 49:9).
    
    A Estrela da Manhã — Cristo diz, em Apocalipse 22:16, que Ele próprio é a Estrela da Manhã. A estrela da manhã é a imediata precursora do dia. A aqui chamada Estrela da Manhã é chamada Estrela da Alva em 2 Pedro 1:19, onde está relacionada com o amanhecer: “Até que o dia clareie e a Estrela da Alva nasça em vossos corações.” 
    Durante a penosa noite de vigília dos santos, a palavra de Deus derrama a necessária luz sobre o seu caminho. Mas quando a Estrela da Alva lhes aparece nos corações, ou a Estrela da Manhã é dada aos vencedores, entrarão numa relação tão íntima com Cristo que os seus corações ficarão completamente iluminados pelo Seu Espírito, e eles andarão na Sua luz. Então não mais terão necessidade da firme palavra da profecia, que agora brilha como uma luz em lugar escuro.

Referências bibliográficas

[10] NEWTON, Thomas. Dissertations on the Prophecies, vol. 2, p. 167.
[11] SCOTT, Thomas. Commentary, vol. 2, p. 754, nota sobre Apocalipse 2:1.
[12] SEISS, Joseph A. The Apocalypse, vol. 1, pp. 128, 129.
[13] THOMPSON, August C. Morning Hours in Patmos, pp. 122, 123.
[14] KURTS, John H. Manual of Sacred History.
[15] MILLER, William. Evidence from Scripture and History of the Second Coming of Christ, pp. 135, 136.
[16] WATSON, Richard. A Biblical and Theological Dictionary, p. 69, verbete “Antipas”.
[17] CLARKE, Adam. Commentary on the New Testament, vol. 2, p. 978, nota sobre Apocalipse 2:13.
[18] BLUNT, Henry. A Practical Exposition of the Epistles to the Seven Church of Asia, pp. 116-119.
[19] WESLEY, John. Explanatory Notes Upon the New Testament, p. 689 — Comentário sobre Apocalipse 2:17.
[20] WATSON, Richard. A Biblical and Theological Dictionary, p. 535.
[21] MILLER, William. Evidence From Scripture and History of the Second Coming of Christ, p. 139.
[22] JENKS, William. Comprehensive Commentary, vol. 5, p. 674, Nota sobre Apocalipse 2:23.


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